O método que cria aglomerados de células que se organizam em mini versões de cérebros humanos em laboratório está ganhando cada vez mais atenção. Esses “organoides do cérebro”, feitos a partir de células-tronco, oferecem informações sobre o cérebro humano que são difíceis de estudar.
Apesar dos avanços, alguns pesquisadores estão preocupados em relação ao surgimento de uma forma de consciência nesses minicérebros, que às vezes são transplantados em animais. O receio é que os organoides possam desenvolver consciência o suficiente para sentir dor e sofrer por estarem presos.
Atualmente, esses órgãos são muito simples se comparados aos cérebros humanos, e não podem ser conscientes da mesma maneira. Devido à falta de suprimento sanguíneo, eles não atingem tamanhos maiores do que cerca de cinco ou seis milímetros.
Dito isso, eles ainda são capazes de produzir ondas cerebrais semelhantes às de bebês prematuros. Um estudo mostrou que eles também podem desenvolver redes neurais que respondem à luz.
Também há sinais de que esses organoides podem se ligar a outros órgãos e receptores em animais. Isso significa que eles não têm a perspectiva de se tornar sensíveis, mas também têm o potencial de se comunicar com o mundo externo, coletando informações sensoriais.
De acordo com Guillaume Thierry, professor de neurociência cognitiva da Bangor University, a ideia de “criar minicérebros dentro de animais, ou pior ainda, dentro de um ambiente biológico artificial, deve nos deixar em pânico”.
Para ele, a preocupação com os minicérebros deve ser a mesma que existe com os sistemas de inteligência artificial. Ambos podem desenvolver algum tipo de consciência e representar riscos aos humanos.
Ainda não se sabe se esses organoides podem de fato desenvolver alguma consciência. Se acontecer, pode ser uma forma primitiva ou mesmo uma versão completa, desde que recebam informações do mundo externo e encontrem maneiras de interagir com ele.
Em teoria, os minicérebros podem ser cultivados para sempre em laboratório, aumentando em complexidade e potência enquanto seu sistema de suporte à vida lhes fornecer oxigênio e nutrientes vitais. Mas se os cérebros cultivados em laboratório forem mantidos nesse estado, eles poderiam desenvolver formas de consciência – claro, mantendo as devidas proporções.
Via: The Next Web