As tecnologias convencionais podem manter um fígado fora do corpo por cerca de 24 horas, mas a nova máquina de perfusão, desenvolvida por cientistas do Hospital Universitário de Zurique, ETH Zurique, Wyss Zurique e Universidade de Zurique, é capaz de manter o órgão fora do corpo humano por sete dias.

O sistema consegue fazer ainda mais que isso. Com ele, é possível transformar um fígado inadequado para doação e recuperá-lo à saúde normal. O sistema foi testado tanto em fígados de porcos como de humanos, preparando o terreno para transplantes reais. O estudo, liderado por Pierre-Alain Clavien e Philipp Rudolf von Rohr, foi publicado hoje (14) na Nature Biotechnology.

A máquina, que está sendo trabalhada desde 2015, simula funções corporais normais, como a distribuição de sangue e oxigênio, o controle dos níveis de glicose e da contagem de glóbulos vermelhos e a remoção de produtos residuais, entre outras coisas.

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Fígado ligado à máquina de perfusão – Foto: USZ

As funções corporais simuladas são complementadas pela infusão de agentes de regeneração, como nutrientes. Os algoritmos trabalham em segundo plano para ajustar as quantidades. De acordo com o estudo, “a máquina de perfusão é totalmente automatizada evitando a necessidade da presença constante de pessoal”.

Há cinco anos, quando o projeto começou, o sistema só era capaz de manter o fígado vivo durante cerca de 12 horas. Com testes em 70 fígados de porcos, os pesquisadores refinaram o sistema, encontrando novas maneiras de controlar o metabolismo da glicose, remover resíduos e até mesmo mexer o fígado como se ele estivesse dentro de um corpo real.

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A máquina de perfusão em funcionamento, com o fígado no recipiente branco à esquerda – Foto: USZ

Em seguida, os cientistas levaram 10 fígados humanos, que tinham sido rejeitados para transplante, para serem recuperados. Desses, a máquina conseguiu recuperar seis após sete dias. Os órgãos perderam 25% da sua massa original, mas os cientistas acreditam que isso não deve ter um “impacto negativo” no funcionamento do órgão.

“No geral, os resultados são promissores e sugerem que a perfusão mecânica por uma semana pode sustentar a viabilidade de fígados humanos, embora testes com fígados de maior qualidade e transplante de fígados perfundidos em receptores serão necessários para avaliar plenamente o potencial da nossa abordagem”, diz o estudo.

A nova técnica pode abrir possibilidade de transplantes de órgãos em pacientes que estão longe do doador. Uma possibilidade proposta pelos cientistas é pegar um fígado doado, parti-lo em vários pedaços e reconstituí-los na máquina de perfusão. Se isso for viável, a quantidade de órgãos disponíveis para transplante poderia até triplicar, de acordo com o artigo.

 

Via: Gizmodo