Em constante evolução, a tecnologia não para de revolucionar mundialmente mercados considerados tradicionais nos mais diversos campos de atuação. Depois das fintechs transformarem os processos do mercado financeiro, as insurtechs – termo que combina as palavras em inglês “insurance” (seguro) e “technology” (tecnologia) – ganham cada vez mais força e propõem mudanças ao segmento de seguros, principalmente no Brasil.
Na prática, ao aplicar métodos disruptivos aos processos de seguros, uma insurtech reformula um rígido modelo de negócios e proporciona uma nova e mais prática experiência aos clientes.
Há tempos em avanço no mercado internacional, o segmento de insurtechs no Brasil também tem evoluído consideravelmente. Para se ter ideia, o número de startups de seguro no país aumentou 47% nos últimos dois anos, segundo levantamento feito pela KPMG em parceria com a Distrito.
Modelos inovadores mudam o mercado de seguros. Foto: iStock
Atualmente são 113 startups de seguro brasileiras, a maioria delas concentradas na região Sudeste do país – 52% estão no estado de São Paulo. Ainda de acordo com o relatório, as insurtechs estão em um mercado em estágio inicial: 66% delas têm o faturamento presumido de até R$ 5 milhões, enquanto 15 startups têm ganhos de mais de R$ 25 milhões.
Para conhecer melhor o trabalho das startups de seguros no país, o Olhar Digital conversou com a Kakau e Thinkseg, insurtechs pioneiras na oferta de seguros por assinatura no Brasil e reconhecidas no ranking das 100 mais inovadoras em 2019, pela Fintech Global.
Seguro por assinatura
Inspirada no modelo flexível ofertado por serviços como Netflix e Spotify, a Kakau é pioneira no modelo de pagamento de seguro por assinatura. A startup usa tecnologias como inteligência artificial e big data para facilitar a aquisição e uso do seguro.
Em 2017 lançou o primeiro seguro residencial neste modelo, com planos a partir de R$ 19 e não demorou muito para anunciar um serviço de seguro para smartphones contra roubos, furto e danos acidentais com preços a partir de R$ 10.
O principal atrativo para novos clientes é o fato de a plataforma ser muito mais acessível para o usuário, ou seja, o próprio segurado pode solicitar a aquisição ou o cancelamento do serviço quando quiser por meio de um computador, tablet ou smartphone.
O CEO da Kakau, Henrique Volpi. Foto: Divulgação
“Em setembro, vamos lançar uma evolução no modelo de assinatura de nosso seguro para bicicletas, o Kakau Mobi. O pagamento pelo serviço será on-demand, ou seja, por tempo de uso da bike”, comentou o CEO da Kakau, Henrique Volpi.
Segundo o executivo, o Kakau Mobi é ofertado desde 2019 e hoje representa 25% do faturamento da empresa – 70% vem do seguro para smartphones e o restante, do seguro residencial.
Expansão internacional
Primeira insurtech no Brasil a oferecer um seguro para automóveis na modalidade Pay Per Use (Pague pelo Uso), a Thinkseg, que também provê seguro residencial, vida e viagem, além de linhas de crédito pessoal, imobiliário e automotivo, está alçando voo internacional.
Neste mês, a startup concluiu a aquisição de 30% da plataforma digital de seguro auto Compare em Casa (nome em português), que tem sua sede em Londres e atua por enquanto na Argentina, México e Brasil. A transação marca o início da expansão internacional do grupo, neste primeiro momento, pela América Latina e, em seguida, pela Europa, onde será instalado um escritório em Portugal.
“Com mais esta aquisição, é possível levar todos os produtos da Thinkseg, incluindo o seguro auto Pay Per Use aos mercados internacionais, começando por Argentina e México. Depois, avançaremos para Chile e outros países da América Latina e Europa”, afirmou Andre Gregori, CEO da Thinkseg.
O CEO da Thinkseg, Andre Gregori. Foto: Divulgação
Foi no fim de 2019 que a startup iniciou a comercialização do seu seguro auto por assinatura mensal, em parceria com a seguradora italiana Generali. No Pay Per Use, o valor da assinatura mensal para carros básicos começa a partir de R$ 25, garantindo o seguro auto completo que inclui cobertura para acidentes, furto e roubo.
Questionado sobre as diferenças do mercado nacional e internacional, Gregori acredita que ambos seguem juntos em um objetivo. “O desafio está em analisar tantas informações processadas a cada minuto na internet e entregar ofertas personalizadas, com preço justo, ao comportamento do consumidor”, finalizou.
Regulamentação do mercado de insurtechs
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) é o órgão que vem regulamentando o mercado para que as atividades de startups de seguros cresçam, estimulando a concorrência e a modernização do setor com novas tecnologias.
Neste ano, o órgão vai testar o regime de sandbox regulatório, que consiste em um ambiente regulatório experimental controlado e supervisionado por autoridade competente.
Desta forma, projetos inovadores de insurtechs selecionados receberão autorização de funcionamento por tempo determinado para operar planos de seguro de acordo exclusivamente com as coberturas e limites estabelecidos no âmbito do sandbox.
A Susep prevê aprovar até 20 insurtechs nesta primeira fase do projeto. O principal objetivo com o sandbox, assim como em outros países, é ampliar a cobertura de seguros no país, estimulando a concorrência e a inovação.