Google mirou negros e moradores de rua para melhorar reconhecimento facial

Contratada para aumentar o banco de dados do Pixel 4, a Randstad enganou moradores de rua e estudantes universitários negros ao não avisar que estavam sendo gravados para reconhecimento facial
Redação03/10/2019 13h21, atualizada em 03/10/2019 14h22

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Em julho, o Google admitiu que vários funcionários estão percorrendo as ruas dos Estados Unidas em busca de voluntários que aceitem vender seus dados faciais em trocas de um cartão-presente de 5 dólares. O intuito é melhorar o sistema de desbloqueio facial do Pixel 4, sobretudo na identificação de pessoas negras, mas, segundo uma reportagem do New York Daily News, a Randstad, empresa contratada pelo Google para o serviço, pode estar executando estes testes de maneira antiética.

De acordo com algumas fontes que trabalham no projeto, a Randstad, enviou times para a cidade de Atlanta em busca de estudantes universitários e grupos de moradores de rua, estes últimos com a justificativa de que seriam os “menos prováveis de falar alguma coisa para a mídia”. Além disso, os funcionários avisavam poucas vezes que trabalhavam para o Google ou que estavam gravando o rosto dos voluntários.

Apesar do Google não ter dado instruções para a abordagem com moradores de rua, um gerente da empresa teria instruído o grupo da Randstad para procurar pessoas com a pele mais escura em razão de incluir mais diversidade no programa, além de garantir que o telefone identificasse a maior quantidade de variações de tons de pele e características faciais.

As abordagens para o recolhimento facial envolviam falar que a caracterização do scan era um “jogo de selfie”, similares ao do Snapchat. Outras fontes afirmam inventar que o scan era um novo aplicativo ou que era apenas necessário mexer no celular por um tempo para ganhar os US$ 5. Na Califórnia, alguns funcionários argumentavam que seria possível extrair o crédito do cartão-presente em dinheiro vivo, citando uma lei estadual que permite sacar o valor do cartão desde que seja menor de US$ 10.

O Google explicou a instrução de coleta de dados com pessoas de pele escura. “Queremos criar justiça no recurso de desbloqueio facial do Pixel 4. É fundamental que tenhamos uma amostra diversificada, que é uma parte importante para um programa inclusivo”, afirmou o porta-voz.

Ainda, no que diz respeito à captura dos dados, o Google foi crítico, afirmando que “está levando a sério estas denúncias e conduzindo investigações. As alegações relativas à veracidade e consentimento violam nossos requisitos para estudos de pesquisa voluntária e o treinamento que fornecemos”.

Até o momento, a Randstad não se pronunciou.

Via: The New York Daily News / The Verge / CNet

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital