Google estaria pagando até US$ 12 bilhões para ser o buscador principal da Apple

Acordo não confirmado diz que valor corresponde a até 21% da receita anual da Maçã, e é citado em ação judicial antitruste movida contra o Google pelo Departamento de Justiça nos EUA
Rafael Arbulu26/10/2020 14h33, atualizada em 26/10/2020 14h46

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Segundo informações do Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos, o Google paga “entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões” por ano à Apple para se manter como a ferramenta primária de busca por todos os dispositivos e plataformas da empresa de Cupertino, do macOS, passando pelo iOS e até a assistente virtual Siri.

Na última semana, o DOJ moveu uma ação judicial antitruste contra o Google, alegando que a empresa de Mountain View emprega práticas anticompetitivas que reduzem a capacidade de concorrência e “monopolizam” o negócio de publicidade digital em resultados de busca – uma das principais fontes de renda da empresa liderada por Sundar Pichai. O Google refutou as acusações em um post publicado recentemente em seu blog corporativo.

Reprodução

Briga judicial entre o Departamento de Justiça e o buscador do Google agora envolve também a Apple. Foto: BongkarnGraphic/Shutterstock

Pelo DOJ, a Apple, em 2017, atualizou uma parceria que lhe permitiu manter o buscador do Google como a opção primária em todos os seus dispositivos e serviços. O acordo rendeu a Apple o pagamento bilionário, criando o que o New York Times afirma ser “o maior pagamento feito pelo Google a qualquer empresa”, correspondendo a algo entre “14% e 21% do faturamento anual” da Maçã.

A promotoria afirma que o acordo serve como evidência contra o Google, representando uma tentativa de monopolizar o setor de publicidade digital e buscas online. Pela documentação do processo, quase a metade de todo o tráfego do Google Search vem de dispositivos ou serviços da Apple, e um cenário onde a empresa de Mountain View perca essa parceria é referido internamente como “código vermelho” ou, de forma mais simples, “aterrorizante”.

Ainda que as empresas sejam concorrentes diretas no âmbito de produtos para o setor mobile, o DOJ refere-se ao acordo como “uma união improvável de rivais”. A base para as afirmações do órgão ligado ao governo dos Estados Unidos vem de uma citação a um executivo sênior da Apple (não nomeado), que teria afirmado, em 2018, que “nossa visão é a de que nós trabalhamos como se fôssemos uma só empresa”.

Prática comum no mercado

Na última semana, em seu blog, o Google deu a entender que a prática de pagar pela exposição ou posicionamento primário de um serviço em qualquer plataforma é algo corriqueiro em qualquer mercado. A empresa citou como exemplo a Microsoft, que conseguiu posicionar seu buscador próprio (Bing) em dispositivos iOS, ou a Samsung, ao implementar sua loja de aplicativos própria em smartphones Android de fabricação própria.

O processo ainda não tem um calendário definido de procedimentos e pode levar muitos anos até ser julgado por completo. As possíveis penalidades, caso o Google perca, ainda são desconhecidas, mas especulações posicionam várias possibilidades, como multas, restrições aos negócios movidos a publicidade ou dividir serviços e produtos em negócios separados. Esta última, especula a publicação, poderiam levar a Apple a criar um serviço próprio de busca ou adquiri-lo do Google.

Fonte: The New York Times

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital