Google diz que processo por monopólio é falho e não ajuda consumidores

Em resposta à ação judicial movida contra a empresa pelo governo dos Estado Unidos, Google diz que as pessoas 'escolhem' usar seu serviço de busca e que existem alternativas disponíveis
Rafael Arbulu22/10/2020 17h08, atualizada em 22/10/2020 17h39

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No mesmo dia em que o Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos moveu um processo contra o Google por monopólio em seus serviços de busca, a empresa de Mountain View, por meio de seu blog oficial, emitiu uma resposta, criticando a medida e chamando-a de “um processo profundamente falho” e “que não ajuda em nada os consumidores”.

De acordo com a postagem, o mecanismo de busca do Google – indiscutivelmente, o mais utilizado de todo o universo online – é um serviço que disponibiliza o acesso rápido a informações variadas, mas os usuários, caso queiram, têm outras opções que possam escolher buscar.

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Google se posiciona contrário a processo movido contra a empresa pelo governo dos EUA. Foto: MK photograp55/Shutterstock

“A busca do Google colocou as informações do mundo para mais de um bilhão de pessoas. Nossos engenheiros trabalham para oferecer o melhor mecanismo de busca possível, constantemente aprimorando-o e ajustando-o”, disse Kent Walker, vice-presidente sênior de assuntos globais do Google. “Nós achamos que é por isso que uma ampla seção dos cidadãos americanos amam e valorizam nossos produtos gratuitos”.

“O processo movido hoje [terça-feira] pelo Departamento de Justiça é profundamente falho”, continuou Walker. “As pessoas usam o Google porque o escolhem, não por serem forçadas ou por não encontrarem alternativas. Esse processo não fará nada para ajudar os consumidores. Pelo contrário, ele artificialmente exaltaria alternativas de busca de baixa qualidade, aumentaria o preço de smartphones, e tornaria mais difícil para as pessoas obterem os dispositivos de buscas que elas desejarem usar”.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos processou o Google nesta terça-feira (20) por práticas antitruste. A empresa é acusada de ter um monopólio injusto sobre publicidade relacionadas a pesquisas. Além disso, o órgão discorda dos termos em torno do Android, que força os fabricantes de smartphones a pré-carregar aplicativos e definir o Google como mecanismo padrão de busca, impedindo de empresas rivais ganhem espaço e aumentando a quantia que recebe por publicidade em pesquisas.

“O Google paga bilhões de dólares a cada ano a distribuidores para garantir o status do seu mecanismo de busca e, em muitos casos, para proibir especificamente as contrapartes do Google de negociar com concorrentes”, diz o enunciado do processo, antes de listar diversas empresas fabricantes de dispositivos variados, como Apple, LG, Motorola, Samsung; bem como operadoras como AT&T, T-Mobile e Verizon. Reprodução

Tradução: “Bing e Yahoo pagam à Apple para aparecerem no Safari”. Imagem: Google/Reprodução

Atacando argumentos específicos do DOJ, Kent Walker compara a indústria onde o Google atua a “prateleiras de supermercado”: “Sim, tal qual incontáveis outros negócios, nós pagamos para promover nossos serviços, assim como uma marca de cereal paga um supermercado para posicionar seus produtos ao final de uma fileira ou em uma prateleira à altura dos olhos”, ele comenta.

“Para serviços digitais, quando você compra um dispositivo, ele traz uma tela inicial parecida com uma ‘prateleira à altura dos olhos’”, segue Walker em seu post. “No mercado mobile, essa prateleira é controlada pela Apple, além de empresas como AT&T, Verizon, Samsung ou LG. Em desktops, essa prateleira é completamente dominada pela Microsoft”.

O vice-presidente argumenta que o que o Google faz é tão simples quanto sua analogia: pagar para ter uma exposição mais favorável aos seus serviços. Entretanto, ele ressalta que seus competidores também podem seguir esse tipo de ação e estão tão disponíveis quando a empresa liderada por Sundar Pichai.

“Nossos acordos com a Apple e outras fabricantes de dispositivos e operadores não diferem em nada com os acordos que muitas outras empresas vêm usando tradicionalmente para a distribuição de software. Outros mecanismos de busca, com o Bing, da Microsoft, competem conosco por estes acordos. E nossas propostas foram aprovadas em repetidas investigações antitruste”, afirmou Walker.

O post no blog oficial do Google segue detalhando partes dos acordos que a empresa tem com diversas outras companhias, reforçando com maior consistência o posicionamento oferecido pelo seu vice-presidente sênior. Mais além, o texto também mostra como habilitar outros mecanismos de busca em diversas plataformas de navegação, em uma tentativa de comprovar que é o usuário quem determina o buscador que deseja usar.

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Tradução: “O Microsoft Edge é pré-instalado em dispositivos Windows e o Bing é o buscador padrão”. Imagem: Google/Reprodução

Posteriormente, Walker ressalta outro ponto que, na opinião do Google, o processo erra. Segundo ele, a ação do DOJ argumenta que o Google somente compete com outros mecanismos de busca. O executivo, porém, ressalta dados que corroboram outras plataformas de concorrência: “As pessoas encontram informações de várias formas: elas buscam por notícias no Twitter, encontram voos no Kayak e Expedia, restaurantes pelo OpenTable, recomendações de produtos via Instagram ou Pinterest. E quando buscam algo para comprar online, cerca de 60% dos cidadãos americanos começam pela Amazon. Todo dia, as pessoas escolhem usar estes produtos e muitos outros”.

O Google agora diz ter confiança de que, em juízo, as autoridades vão concluir que o processo não deve ser validado e vão conceder à empresa a vitória. “Nós entendemos que, com o nosso sucesso, vem o escrutínio, mas nós mantemos a nossa posição. As leis americanas de antitruste foram desenhadas para promover a inovação e ajudar consumidores, não desequilibrar o mercado em favor de empresas específicas ou dificultar para que as pessoas encontrem os serviços que desejam”.

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Tradução: “Apps e lojas de apps rivais são comumente pré-configuradas em dispositivos Android”. Imagem: Google/Reprodução

As possíveis punições, caso o Google perca, ainda serão discutidas e não foram sugeridas pelo departamento. Muitas opções devem ser analisadas, como multas, restrições aos negócios movidos a publicidade ou dividir serviços e produtos em negócios separados. As duas últimas possibilidades ainda poderiam ajudar concorrentes a buscar clientes. No entanto, é possível que se leve anos até que cheguem a um veredito.

Fonte: Google

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital