A deterioração do relacionamento entre os Estados Unidos e a China desceu mais um degrau nesta quarta-feira (22), quando o governo norte-americano ordenou o fechamento do consulado chinês em Houston, Texas, após acusar o país de roubar pesquisas científicas. Os diplomatas têm até a sexta-feira (24) para deixar o prédio. Pequim prometeu retaliar.

O Departamento de Estado norte-americano afirmou em comunicado que o fechamento foi uma resposta a repetidas violações chinesas da sua soberania, incluindo “operações de espionagem e de influência ilegal em massa”. Acredita-se que algumas das tentativas de roubo científico podem estar relacionadas aos esforços globais para desenvolver uma vacina para o novo coronavírus.

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Na Dinamarca, o secretário Mike Pompeo disse que os cidadãos chineses que roubam propriedade intelectual nos Estados Unidos são um problema persistente. “Estamos estabelecendo expectativas claras de como o Partido Comunista Chinês se comportará. E quando não o fizerem, tomaremos medidas que protegem o povo norte-americano, nossa segurança nacional, nossa economia e empregos”.

De acordo com o New York Times, na noite desta terça-feira (21), horas após as autoridades norte-americanas entregarem a ordem de desligamento ao embaixador chinês em Washington, funcionários do consulado queimaram papéis em barris de metal em um pátio do prédio de Houston. 

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Em dezembro, autoridades norte-americanas prenderam um pesquisador chinês de células cancerígenas, Zaosong Zheng, no Aeroporto Internacional de Boston e o acusaram de tentar contrabandear 21 frascos de pesquisa biológica roubada de volta à China. Em janeiro, o FBI anunciou que estava procurando um estudante da Universidade de Boston, Yanqing Ye, que havia escondido sua afiliação ao Exército de Libertação Popular ao solicitar um visto. As autoridades americanas acreditam que Ye está na China.

Na segunda-feira (20), o Departamento de Justiça acusou a pesquisadora visitante da Universidade de Stanford, Song Chen, de fraude de visto. Ela também teria ocultado sua participação ativa nas forças armadas chinesas. No dia seguinte, dois hackers chineses foram acusados ​​de tentar roubar informações sobre a pesquisa de vacinas contra o coronavírus.

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Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, instou os Estados Unidos a reverter a decisão imediatamente. “Caso contrário, a China certamente fará retaliações legítimas e necessárias”, disse ele. Wang considerou a ação sem precedentes e ilegal sob a lei internacional e acusou os EUA de “assediar funcionários diplomáticos e consulares chineses, intimidando e interrogando estudantes chineses e confiscando seus dispositivos elétricos pessoais, até mesmo detendo-os sem causa”.

O desligamento do consulado de Houston ainda pode ter um custo político menor a Washington, uma vez que a missão é “irmã” do consulado na cidade chinesa de Wuhan, já evacuado pelo Departamento de Estado após o surto inicial de Covid-19. Por sua vez, Pequim pode ordenar o fechamento formal desse consulado como um ato recíproco.

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A Embaixada da China em Washington não emitiu nenhum comunicado sobre as acusações de espionagem e roubo.

Via: New York Times