Estudos revelam que cães conseguem ‘cheirar’ calor

Animais foram capazes de diferenciar objetos em temperaturas mais altas, mesmo a grandes distâncias
Vinicius Szafran04/03/2020 18h08, atualizada em 04/03/2020 18h35

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Cientistas das universidades Lund, na Suécia, e Eötvös Loránd, na Hungria, realizaram um estudo conjunto e descobriram que os cães são capazes de “farejar” a irradiação de calor. A pesquisa, publicada na Scientific Reports, revela uma característica presente nos cachorros e nos lobos que até então era desconhecida em espécies carnívoras.

A maioria dos mamíferos possui pele seca e lisa ao redor das narinas (uma parte do corpo chamada rinário) para facilitar a captação de ar. No entanto, o rinário dos cachorros é úmido e mais gelado que a temperatura ambiente – além de possuir mais terminações nervosas do que a mesma região em outros mamíferos.

Neste novo estudo, os pesquisadores encontraram evidências indicando que a razão para os cães e lobos terem focinhos diferentes de outras espécies é sua capacidade de “cheirar” o calor que se irradia de uma superfície.

Método de estudo

Buscando entender mais sobre essa desconhecida habilidade dos cachorros, os cientistas treinaram diversos cães domésticos para recuperar itens com base em sua temperatura. Objetos idênticos eram aquecidos alguns graus acima da temperatura ambiente, e então os animais deveriam buscar aquele que estivesse mais quente, tudo isso a uma distância de aproximadamente 1,6 metro – longe demais para sentir o calor do objeto. Os resultados positivos sugerem fortemente que os animais foram capazes de sentir a irradiação do calor.

A transferência de calor pode acontecer de três formas: convecção, condução e irradiação. Na convecção, o calor é transportado por um meio, como um gás ou líquido. Na segunda forma, a condução, o contato entre objetos é o que transporta o calor. Por fim, existe a irradiação que, contrastando com as anteriores, move o calor através de fótons. É a energia dos fótons que sentimos na pele quando saímos em um dia ensolarado.

Alguns dos cães do experimento foram submetidos a exames em um scanner de ressonância magnética. Os pesquisadores os expuseram a objetos idênticos, um ligeiramente mais aquecido que o outro (que estava em temperatura ambiente). As imagens mostraram os córtex somatossensoriais dos cachorros iluminados quando foram expostos aos objetos aquecidos, algo que não ocorreu com os itens à temperatura ambiente.

Reprodução

Os resultados evidenciam a capacidade do rinélio dos cães de sentir diferenças na temperatura. No entanto, os cientistas observam que mais estudos são necessários para provar que isso de fato acontece e como esse processo funciona.

Via: Phys.org

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital