Estudo em Nova York indica ineficácia da hidroxicloroquina em casos graves de Covid-19

Dados preliminares divulgados pelo governador do estado de Nova York indicam que não houve melhora na mortalidade entre os pacientes tratados com a droga
Renato Santino24/04/2020 22h14, atualizada em 24/04/2020 22h30

20200319112040

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou dados preliminares de um grande estudo em desenvolvimento com 600 pacientes em 22 hospitais com a hidroxicloroquina, medicamento que tem sido a aposta dos governos do Brasil e dos Estados Unidos no tratamento da Covid-19. Os resultados preliminares apontam para a ineficácia da droga nos casos mais graves da doença.

Segundo Cuomo, os relatórios que chegaram até ele não são animadores, como reportou a CNN. Os resultados não demonstraram melhora entre os pacientes que receberam a hidroxicloroquina nem em combinação com o antibiótico azitromicina, nem quando administrada sozinha ao paciente.

David Holtgrave, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade do Estado de Nova York em Albany, apontou que não houve ganho estatisticamente relevante entre os pacientes medicados e aqueles que receberam um tratamento convencional, sem o remédio. Vale notar, no entanto, que a pesquisa ainda não foi publicada, nem revisada por outros cientistas.

Do lado positivo, ao menos a pesquisa não conseguiu encontrar um vínculo entre a medicação e um aumento no risco de desenvolvimento de problemas cardíacos, que tem sido verificada em outros estudos pelo mundo. No Brasil, a Fiocruz interrompeu estudos após constatar riscos com a cloroquina, a variação mais tóxica da hidroxicloroquina; Suécia e França foram outros países que chegaram a conclusões similares.

A expectativa de Holtgrave é divulgar os resultados na próxima semana, com mais dados. A pesquisa, quando concluída, levará em conta o resultado do tratamento de 1.200 pacientes de Covid-19, sendo um dos maiores estudos já realizados sobre a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da doença.

No entanto, o pesquisador não tenta estabelecer seu estudo como definitivo sobre o assunto, já que ele não segue o famoso “padrão-ouro”. A pesquisa é definida como um “estudo observacional”, já que não conta com grupos de controle randomizados, que agrega dados e informações sobre o tema, mas não pode apresentar resultados realmente conclusivos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital