Estudo da Fiocruz aponta medicamento mais eficaz na prevenção do HIV

Tratamento com Cabotegravir injetável de ação prolongada se mostrou 66% melhor do que o Truvada na prevenção da infecção pelo vírus entre homens cisgêneros e mulheres trans
Renato Mota13/07/2020 21h18

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Um estudo clínico realizado pela rede de pesquisa HIV Prevention Trials Network (HPTN), com participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que utilização do fármaco Cabotegravir (CAB) injetável a cada oito semanas tem eficácia superior às doses diárias de tenofovir associado a entricitabina (TDF/FTC) na prevenção do HIV entre homens cisgêneros e mulheres transgêneros que fazem sexo com homens.

“Esta é uma conquista sem precedentes para o campo da prevenção do HIV. É uma estratégia nova e poderosa que pode realmente fazer a diferença no controle da epidemia de HIV/Aids”, afirma Beatriz Grinsztejn, chefe do laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). A pesquisa HPTN 083 foi apresentada durante o 23ª Conferência Internacional de Aids, realizada online.

Mais de 4,5 mil voluntários HIV negativos participaram do ensaio clínico, que comparou a eficácia e a segurança a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) contendo Cabotegravir injetável de ação prolongada (CAB-LA) com a Truvada – associação medicamentosa do tenofovir e da entricitabina utilizada no tratamento e prevenção do HIV.

Participaram da pesquisa homens gays, outros homens que fazem sexo com homens, mulheres travestis e trans que fazem sexo com homens, em 43 centros de pesquisa de sete países: Brasil, África do Sul, Argentina, Estados Unidos, Peru, Tailândia e Vietnã. O Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do INI/Fiocruz incluiu o maior número de participantes (240) entre todos os centros do mundo.

“Sabemos que algumas pessoas têm dificuldade ou preferem não tomar pílulas, e um produto injetável como o CAB de ação prolongada pode ser uma opção muito importante para eles”, avalia Raphael Landovitz, professor associado da Divisão de Doenças Infecciosas da David Geffen School of Medicine, na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), coordenador global do estudo ao lado da pesquisadora brasileira.

Durante o acompanhamento dos cientistas, que começou em novembro de 2016, ocorreram um total de 52 infecções por HIV: 13 entre os voluntários que utilizaram CAB e 39 entre o grupo que usou o TDF/FTC, uma taxa 66% maior.

“É animador que o HPTN 083 tenha mostrado que tanto o regime que contém CAB quanto o TDF/FTC oral demonstraram alta eficácia na prevenção da infecção por HIV, oferecendo às pessoas opções que melhor se adequam ao seu estilo de vida”, afirma  Myron Cohen, diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Estados Unidos.

“O HPTN 083 foi o primeiro estudo de PrEP a ser desenhado com foco nas populações mais vulneráveis entre os vulneráveis, que até então estavam pouco representadas nos estudos anteriores de PrEP: jovens, negros, travestis e mulheres Trans. Os resultados vão contribuir para diminuir a disparidade no acesso aos benefícios da PrEP”, completa Grinsztejn.

Via: Fiocruz/HPTN

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital