O novo coronavírus desafia pesquisadores do mundo todo no desenvolvimento de uma vacina. Para agilizar o processo, o Reino Unido anunciou uma medida bastante controversa. Por meio de um comunicado de imprensa, o governo do país anunciou que vai conduzir testes de “desafio humano”, infectando os voluntários para comprovar o funcionamento de vacinas.

Os testes serão conduzidos pelo Imperial College London e ainda vai contar com a parceria do laboratório hVIVO e do Royal Free London NHS Foundation Trust. Ao todo, serão 90 voluntários saudáveis com idade entre 18 e 30 anos. Os escolhidos vão receber a menor dose possível do vírus e serão monitorados 24 horas por dia para uma análise detalhada de como a imunização vai funcionar.

O governo britânico destacou que a segurança dos voluntários é a prioridade e, por conta disso, diversas medidas serão tomadas. “Os estudos serão realizados em condições estritas, incluindo entrada controlada na instalação, descontaminação cuidadosa dos resíduos e um laboratório dedicado à realização dos testes, tudo o que ajuda a garantir que o estudo seja entregue com segurança”, destacou no comunicado. “Todo o ar que sair da unidade também será limpo para que não haja risco para ninguém de fora da unidade”, acrescentou.

ReproduçãoReino Unido vai infectar voluntários para testar vacina contra a Covid-19. Foto: Cottonbro/Pexels

Dilema ético

Apesar de ser uma forma de agilizar os estudos, os testes de “desafio humano” enfrentam um dilema ético, principalmente no caso da Covid-19, que ainda não possui um tratamento específico. Para Julian Savulesco, especialista em ética da Universidade de Oxford, a opção é justificada porque, “em uma pandemia, o tempo é a vida”.

Além disso, ele acrescenta que “há um imperativo moral para desenvolver uma vacina segura e eficaz, e fazer isso o mais rápido possível. Dadas as apostas, é antiético não fazer estudos de desafio”.

O país vai investir 33,6 milhões de libras no projeto (cerca de R$ 244 milhões), que deve começar apenas em janeiro de 2021. Para serem realizados, os testes ainda dependem da aprovação do comitê de ética e de órgãos reguladores.

Via: BBC