Covid-19 pode ser cinco vezes mais letal do que a gripe, afirma CDC

Estudo feito com quase dez mil pacientes internados nos EUA ainda apontou que o novo coronavírus pode levar ainda ao agravamento de outras condições, como pneumonia e miocardite aguda
Renato Mota20/10/2020 22h13

20200925091512

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

No início da pandemia de Covid-19, a doença chegou a ser comparada com a gripe em termos de gravidade e risco para o paciente internado. Com o passar do tempo – e muitas pesquisas depois – o novo coronavírus se mostrou muito mais letal do que a influenza (embora algumas pessoas continuem menosprezando o poder do vírus).

Nesta terça-feira (20) Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicou um estudo que reforça essa posição. Segundo a pesquisa, a Covid-19 pode ser até cinco vezes mais mortal para pacientes hospitalizados em comparação com que aqueles com gripe.

Mais: pacientes com Covid-19 correm um risco maior de apresentar nada menos do que outras 17 complicações séries, incluindo pneumonia, insuficiência respiratória, miocardite aguda e coágulos sanguíneos. “Os riscos de sepse e complicações respiratórias, neurológicas e renais da Covid-19 foram maiores entre pacientes afro-americanos e hispânicos do que entre pacientes brancos”, completam os pesquisadores, que atribuem essa diferença a “desigualdades sociais, ambientais, econômicas e estruturais”.

Photocarioca/Shutterstock

Pacientes com Covid-19 hospitalizados também apresentam maior risco de complicações graves em outras 17 condições, em comparação com pacientes com gripe. Imagem: Photocarioca/Shutterstock

Um estudo publicado em julho já indicava que as chances de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) é oito vezes maior em pessoas infectadas pelo novo coronavírus, em relação àquelas que pegaram uma gripe comum. Entre mais de 1.900 pacientes com Covid-19 analisados na pesquisa, 1,6% sofreram um derrame. Já entre 1.500 pacientes gravemente doentes com gripe, somente 0,2% sofreram um AVC, de acordo com artigo publicado na JAMA Neurology.

O Brasil registrou ao longo de todo o ano de 2019 um total de 796 mortes por H1N1, o mesmo vírus que causou um surto global em 2009. No total, as mortes por influenza (a família de vírus que causa gripe e que incluem o H1N1, influenza A não subtipado, influenza B e influenza A H3N2) chegaram a pelo menos 1.109 até o início de dezembro. Enquanto isso, a Covid-19 já soma mais de 150 mil vítimas no País.

De acordo com o estudo do CDC, 21% dos pacientes com COVID-19 morreram durante a hospitalização, em comparação com apenas 4% dos pacientes com gripe. A pesquisa usou dados quase quatro pacientes, com idade média de 70 anos, hospitalizados com Covid-19 de 1º de março a 31 de maio, e outros 5,4 mil pacientes, com idade média de 69 anos, hospitalizados com gripe entre 1º de outubro de 2018 e 1° de fevereiro de 2020.

As estimativas dos pesquisadores é de que cerca de 1% das pessoas que adoeceram com gripe foram hospitalizadas durante a temporada de 2019-2020, enquanto 20% dos pacientes com Covid-19 podem necessitar de hospitalização.

Os resultados da pesquisa, entretanto, são limitados por algumas características. Alguns aspectos são técnicos, como os códigos administrativos de cada hospital para classificas as condições dos pacientes e o índice de obesidade, que foi definido base nos códigos CID-10-CM e não no índice de massa corporal. A análise das diferenças raciais também foi limitada pelo pequeno tamanho da amostra dentro do grupo de estudo.

Os pesquisadores também alertam que a vacinação contra influenza ou tratamentos para Covid-19 ou gripe podem afetar esses resultados – e não foram examinados. “Finalmente, esta análise não foi ajustada para a região ou tamanho ou tipo de instalação, e mais pesquisas são necessárias para avaliar o impacto desses fatores sobre o risco de complicações relacionadas à Covid-19”, aponta o relatório.

Via: LiveScience

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital