Todos os anos o Departamento de Representantes Comerciais do Estados Unidos (USTR) publica um relatório em que destaca os países que falham em proteger direitos de propriedade intelectual.
Para fazer esse levantamento, o USTR pede a detentores de direitos autorais, distribuidores de conteúdo e outras organizações relacionadas ao tema para apontarem alguns dos países que parecem coniventes com a pirataria.
Na edição 2020, os olhares recaem sobre nações do oriente médio, em especial a Arábia Saudita.
Há poucos dias, o Comitê Internacional Olímpico (IOC), a FIFA (entidade máxima de governança do futebol mundial), a Premier League (liga britânica de futebol) e a La Liga (liga espanhola de futebol) submeteram seus respectivos relatórios ao USTR para incluir a Arábia Saudita na lista de principais países a serem monitorados por negarem “proteção eficaz a direitos de propriedade intelectual”.
Os documentos fazem um apontamento em comum: como uma emissora pirata chamada beoutQ, presente no país saudita, afetou os negócios de cada entidade esportiva. As submissões ainda acusam o governo local de não apresentar resistência à atividade ilegal.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que a BeoutQ aparece nos relatórios do USTR.
A emissora pirata nasceu em 2017, quando começou a transmitir programações na Arábia Saudita utilizando sinal de satélites. No entanto, em vez de licenciar e produzir seu próprio conteúdo, a BeoutQ ficou famosa por retransmitir programas da beIN Sport – uma rede de televisão por assinatura subsidiária da gigante de mídia Al Jazeera.
Após muitas manifestações, a BeoutQ foi mencionada como um produto a ser vigiado na edição 2019 do relatório do USTR.
Em agosto do mesmo ano, a emissora pirata parou de transmitir conteúdo via sinal de satélite. No entanto, com milhões de dispositivos da organização instalados em lares sauditas, os aparelhos passaram a transmitir o mesmo conteúdo ilegal através de tecnologia IPTV – ou seja, utilizando sinais de internet. Isso inclui transmissão de programas esportivos.
O problema relatado pelo Comitê Olímpico e outras entidades é que, se por um lado, a transmissão via satélite não provocava tantos problemas e prejuízos, de outro, a emissão de programas televisivos não licenciados pela internet representa uma grande ameaça.
O que mais causa indignação é que apesar do caráter ilícito do BeoutQ, a organização apresenta site, telefone e até canais de atendimento, todos na Arábia Saudita, e ainda não enfrentou qualquer tipo de ação promovida pela administração pública do país.
Há poucos meses da Olimpíada de Toquio 2020, o IOC se preocupa com a pirataria e como essa prática pode refletir na receita gerada para apoio às modalidades esportivas e aos atletas, inclusive nos Estados Unidos. No entanto, a grande questão é que ela já licenciou a beIN, o alvo perfeito de transmissões piratas como a BeoutQ.
Fonte: Torrent Freak