Apple alcança valorização histórica de US$ 2 trilhões

Pandemia não afetou negativamente os negócios da empresa, que dobrou sua capitalização de mercado em apenas dois anos
Renato Santino19/08/2020 20h38, atualizada em 19/08/2020 20h45

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A Apple alcançou uma nova marca histórica nesta quarta-feira (19). A empresa superou os US$ 2 trilhões em capitalização de mercado, métrica que multiplica o total de ações de uma empresa pelo seu preço. É a primeira companhia de tecnologia de capital aberto a alcançar esse patamar; também é a primeira nos Estados Unidos a realizar o feito.

A marca foi superada quando, nesta quarta-feira, as ações subiram cerca de 1,2% e chegaram US$ 467,78 no início da manhã. Ao longo do dia, no entanto, a valorização do papel regrediu um pouco para uma alta de apenas 0,1% enquanto este texto é escrito, trazendo de volta o valor da empresa para US$ 1,98 trilhão.

Duas coisas tornam o recorde particularmente impressionante. A primeira delas é o momento, já que, afinal de contas, o mundo vive uma pandemia de Covid-19 que está destruindo economias e quebrando empresas pelo mundo. A outra é a velocidade. A empresa precisou de 42 anos para superar a marca de US$ 1 trilhão, e apenas dois para dobrar essa marca.

O otimismo com a empresa, no entanto, tem justificativa. Os resultados mais recentes anunciados pela Apple mostraram números fortes, mesmo com a crise. Se o iPhone, que ainda é o produto mais importante da companhia, viu uma leve queda nas vendas, os outros aparelhos, como iPads, Macs e Apple Watch, além dos serviços, viram crescimentos fortes, mostrando a mudança no perfil de consumo causada pelo coronavírus.

No entanto, esse crescimento também deve trazer ainda mais atenção à empresa e ao setor de tecnologia como um todo. Nos Estados Unidos e na Europa, as gigantes da área têm recebido cada vez mais pressão de órgãos regulatórios, que começam a demonstrar preocupação com o tamanho destas empresas, que impossibilitaria a competitividade no mercado e favoreceria práticas monopolistas.

Uma dessas práticas que tem chamado mais atenção nos últimos dias é a de exigir 30% de comissão por compras realizadas em aplicativos distribuídos pela App Store. Sem outra loja no iOS, desenvolvedores são forçados a aceitar o “imposto” ou não poderão distribuir seus softwares para o iPhone e para iPads. Foi o que aconteceu recentemente com “Fortnite” e a Epic Games.

O mercado de tecnologia como um todo tem vivido um momento positivo durante a pandemia, com algumas exceções. Microsoft e Amazon, por exemplo, se beneficiaram de pessoas presas em suas casas, precisando recorrer à tecnologia para mediar suas relações pessoais, profissionais e suas compras online. O Google não teve a mesma sorte, já que a maior parte de seu faturamento vem da publicidade, e a capacidade de investimento em anúncios de pequenas e médias empresas pelo mundo foi reduzido com a Covid-19.

Apesar de serem históricos, os US$ 2 trilhões da Apple não são exatamente inéditos no mundo. A estatal Saudi Aramco, estatal saudita de extração de petróleo, abriu seu capital em dezembro do ano passado e foi a primeira a superar o patamar. A tendência é que outras companhias de tecnologia se juntem à Apple também dentro de pouco tempo, incluindo as já mencionadas Microsoft e Amazon, além da Alphabet, o conglomerado ao qual pertence o Google.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital

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