No início de outubro, o Google excluiu a Austrália do lançamento do News Showcase, sua iniciativa de apoio ao jornalismo profissional, alegando “complicações regulatórias”. A decisão foi comentada em detalhes neste domingo (11) pela vice-presidente da companhia para Austrália e Nova Zelândia, Mel Silva, que descreveu a lei australiana como “impraticável”.
Há meses, a Big Tech e o governo da Austrália vêm enfrentando divergências acerca de uma proposta regulatória que, se levada adiante, poderia causar prejuízo financeiro à filial do Google no país.
Apresentada pela Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores (ACCC), a proposta prevê que empresas como Google e Facebook sejam obrigadas a remunerar os veículos de mídia pelo compartilhamento de notícias.
Falando especificamente sobre a gigante de buscas, as autoridades sugerem o pagamento de uma determinada quantia sempre que links da imprensa australiana forem exibidos nos resultados das pesquisas.
Nova ferramenta do Google News não chegou à Austrália devido a “complicações regulatórias”. Imagem: Funstock/Shutterstock
Resposta do Google
Em post no blog oficial da companhia, Mel Silva criticou o projeto de lei e destacou supostas “condições injustas de pagamento e obrigações imprecisas”.
“Não nos opomos a um código para resolver disputas entre as partes [empresas de tecnologia e imprensa]”, afirmou. “Mas o sistema delineado nesta proposta é impraticável”.
Segundo a executiva, o código é “extremamente amplo” e carece de definições importantes. Ela argumenta que o texto não deixa claro, por exemplo, como cumprir as muitas obrigações sugeridas, e relata que as penalidades previstas por eventuais violações são “enormes”.
“Poderíamos ser multados em até 10% de nossa receita australiana por uma única violação”, diz Silva. “Nenhuma empresa na Austrália deveria ter que administrar o enorme risco que vem com penalidades tão severas para provisões tão incertas”.
Por fim, a vice-presidente afirma que o Google está disposto a encontrar uma solução para levar o News Showcase para a Austrália, o que, segundo a empresa, “ajudaria as editoras a aumentar seu público e contribuiria para sua sustentabilidade contínua”.
“Propusemos mudanças para o ACCC e o governo, e continuamos a nos envolver com eles de forma construtiva para que possamos chegar a um código justo para todos”, conclui.