“O primeiro cargueiro interplanetário”. É assim que está sendo chamando o satélite que a Airbus construirá, em contrato com a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA), para trazer até a Terra as primeiras amostras de rochas coletadas do solo de Marte. Esse material será colhido pelo rover Perseverance, que será lançado nesta quinta-feira (30).

A Airbus projetará dois veículos que participarão desse “resgate”: o Sample Fetch Rover e o Earth Return Orbiter, previstos para 2026. O primeiro recuperará amostras de Marte deixadas pelo Perseverance na superfície de Marte (36 tubos do tamanho de uma caneta) e os levará para um pequeno foguete, o Mars Ascent Vehicle (MAV). Na órbita ao redor de Marte estará o cargueiro interplanetário, que fará a viagem de volta.

A ESA estima que sua contribuição para o projeto Mars Sample Return será de cerca de 1,5 bilhão de euros (R$ 9,1 bilhões em conversão direta) em 10 anos. A Nasa entra com outros US$ 7 bilhões (R$ 36 bilhões).  Trazer essas amostras de volta para estudo na Terra é a melhor maneira de confirmar se a vida já existiu no Planeta Vermelho.

“Trazer amostras de Marte é essencial de mais de uma maneira. Primeiro, para entender por que Marte, embora seja o planeta mais parecido com a Terra, seguiu um caminho evolutivo muito diferente do nosso. Em segundo lugar, para compreender completamente o ambiente marciano, a fim de permitir que os humanos trabalhem um dia e vivam no Planeta Vermelho”, explica o diretor de exploração humana e robótica da ESA, David Parker

“Isso não é apenas duas vezes mais difícil do que qualquer missão típica de Marte; é duas vezes ao quadrado – quando você pensa na complexidade envolvida”, avaliou Parker, em entrevista à BBC. O satélite que a Airbus construirá pesará 6,5 toneladas e usará uma mistura de propulsão química e elétrica para chegar a Marte, orbitar o planeta e depois retornar à Terra com sua Carga.

Nasa/JPL Caltech

Sample Fetch Rover. Imagem: Nasa/JPL Caltech

A viagem exigirá muita energia, e por isso o Earth Return Orbiter terá painéis solares darão ao satélite uma “envergadura” de 39 metros. E esse veículo imenso terá que se posicionar na órbita de Marte para capturar as amostras do MAV, que serão embaladas dentro de um contêiner do tamanho de uma bola de futebol, e coloca-las dentro de uma cápsula de reentrada que pode ser lançada na atmosfera da Terra para aterrissar em um deserto norte-americano.

As amostras serão seladas em um sistema de biocontenção para evitar a contaminação com material não esterilizado. “As pessoas falam sobre o retorno de amostras de Marte há anos. Lembro-me de trabalhar nisso já em 2002. Mas agora estamos na emocionante situação em que estamos prestes a fazê-lo. Esse sonho está prestes a se tornar realidade”, afirma Parker.  

Via: BBC/ESA