A NASA e a ESA (agência espacial europeia) assinaram ontem uma declaração de intenção de cooperar para trazer à Terra uma amostra do solo marciano. Com a assinatura do documento, as duas agências se comprometem a trabalhar juntas para explorar ideias de naves e robôs capazes de realizar essa missão.
Segundo David Parker, o diretor de exploração humana e robótica da ESA, “para um cientista planetário, a chance de trazer de volta amostras de terra puras e cuidadosamente selecionadas do planeta vermelho para serem examinadas nos melhores laboratórios daqui é uma proposta de dar água na boca”. As amostras, segundo Parker, auxiliariam em “reconstruir a história de Marte e responder perguntas sobre seu passado”.
Desafios
Mesmo que se trate de amostras de terra, trazê-las de volta do planeta vermelho, exige um esforço quase inimaginável das agências espaciais. Da maneira como elas estão considerando realizar o procedimento, seriam necessários ao menos três missões à Marte, uma das quais precisaria lançar um foguete a partir da superfície do planeta – algo que nunca foi feito antes.
A primeira dessas missões acontecerá em 2020, quando o Mars Rover da Nasa irá até Marte. Lá, ele coletará 31 amostras de terra de lá e as armazenará para coleta posterior. Uma missão semelhante será realizada pela ESA em 2021 – a sonda ExoMars da agência europeia coletará amostras de até dois metros de profundidade no planeta.
Depois delas, será necessária a realização de uma segunda missão, na qual uma terceira sonda pousaria no planeta, coletaria as amostras das duas sondas anteriores. Em seguida, ela colocaria essas amostras em um foguete capaz de subir essas amostras, em um contêiner do tamanho de uma bola de futebol, até a órbita de Marte.
Finalmente, outra missão enviaria ao planeta um foguete capaz de resgatar o contêiner, voltar até a Terra e pousar com segurança, preservando as amostras. Uma vez coletadas, as amostras seriam mantidas em quarentena e então seriam encaminhadas para laboratórios especializados capazes de analisá-las de maneira adequada.
Vida em Marte?
Em vista dessas dificuldades, a boa vontade entre as duas agências espaciais é importante. As duas já cooperaram no planeta vermelho: recentemente, a sonda Curiosity da Nasa enviou dados para a Terra, e o fez por meio do satélite ExoMars da ESA, que já está orbitando o planeta para investigar sua atmosfera.
Outra perspectiva interessante da coleta de amostras de solo marciano é a confirmação da possibilidade de haver ou ter havido vida em Marte. “Missões anteriores a Marte revelaram fios de água antigos e a química certa, que pode ter suportado vida microbial em Marte”, disse o administrador associado da Nasa, Thomas Zurbuchen. “Uma amostra nos providenciaria um salto crítico à frente no nosso entendimento do potencial de Marte de abrigar vida”.