Jogar videogame na infância pode melhorar a memória quando adulto, diz estudo

Pesquisa mostra como os jogos podem realizar mudanças cognitivas em indivíduos
Luiz Nogueira22/09/2020 19h17, atualizada em 22/09/2020 19h40

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Diversos estudos mostram que jogar videogame pode trazer diversos benefícios à saúde e ajudar em mudanças estruturais do cérebro, incluindo o aumento do tamanho de algumas regiões, ou mudanças funcionais, como a ativação de áreas responsáveis pela atenção.

Uma nova pesquisa da Universidade Aberta da Catalunha (UOC) foi além e mostrou como mudanças cognitivas podem ocorrer mesmo anos depois que os indivíduos deixaram de jogar. Essa é apenas uma das conclusões descritas no artigo publicado na Frontiers in Human Neuroscience.

Ao todo, o trabalho envolveu 27 pessoas com idades entre 18 e 40 anos. Os voluntários foram escolhidos com base na ideia de ter ou não experiência com videogames. “Pessoas que eram jogadores ávidos antes da adolescência, apesar de não jogarem mais, tiveram um desempenho melhor nas tarefas de memória operacional, que exigem reter e manipular mentalmente informações para obter um resultado”, disse Marc Palaus, um dos responsáveis pelo estudo.

Reprodução

Pesquisa mostrou como mudanças cognitivas podem ocorrer mesmo anos depois que os indivíduos deixam de jogar. Foto: PxHere

Os resultados também mostraram que pessoas sem experiência em jogar videogame quando crianças não se beneficiaram com melhorias no processamento e inibição de estímulos irrelevantes. Na verdade, o estudo detectou que esses indivíduos eram, de certa forma, mais lentos do que aqueles que jogavam quando crianças.

Da mesma forma, “as pessoas que jogaram regularmente quando crianças tiveram um desempenho melhor desde o início no processamento de objetos 3D, embora essas diferenças tenham sido atenuadas após o período de treinamento em jogos, quando ambos os grupos apresentaram níveis semelhantes”, disse Palaus.

Realização do estudo

O projeto durou um mês e os pesquisadores analisaram as habilidades cognitivas dos participantes, incluindo a memória de trabalho, em três momentos: antes de um treinamento que teve como base jogar videogame, no fim desse período e após 15 dias. Para este estudo em específico foi usado o jogo Super Mario 64, da Nintendo.

A pesquisa também incluiu 10 sessões de estimulação magnética transcraniana, que é um processo de estimulação cerebral não invasiva através da pele sem a necessidade de chegar ao tecido cerebral. Sua principal aplicação é alterar temporariamente a atividade do cérebro.

“Ele usa ondas magnéticas que, quando aplicadas na superfície do crânio, são capazes de produzir correntes elétricas em populações neurais subjacentes e modificar sua atividade”, explica Palaus.

O principal objetivo dessa aplicação era descobrir se a combinação de videogame e esse tipo de estimulação melhoraria o desempenho cognitivo, mas não foi o caso. Existem várias causas possíveis, incluindo a natureza experimental dos parâmetros para estimulação.

“Nosso objetivo era alcançar mudanças duradouras. Em circunstâncias normais, os efeitos dessa estimulação podem durar de milissegundos a dezenas de minutos. Queríamos alcançar um melhor desempenho de certas funções cerebrais que duram mais do que isso”, disse Palaus.

Videogames para fortalecer habilidades cognitivas

Para este estudo, foi utilizado o jogo Super Mario 64. No entanto, existem vários games de diferentes gêneros que podem influenciar as funções cognitivas de forma diferente.

De acordo com Palaus, os títulos que mais contribuem para isso são os que apresentam elementos que fazem as pessoas quererem continuar a jogar e que vão ficando mais difíceis no decorrer da aventura. “Essas duas coisas são suficientes para torná-la uma atividade atraente e motivadora, que, por sua vez, requer o uso constante e intenso dos recursos do nosso cérebro”, finaliza.

Via: MedicalXpress

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital