A história da retrocompatibilidade nos consoles

Rodar jogos de um console mais antigo em um aparelho de nova geração não é novidade. Relembre conosco vários videogames do passado que eram compatíveis com seus antecessores
Rafael Rigues14/02/2020 19h40, atualizada em 14/02/2020 19h54

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Os gamers ficaram animados com a notícia de que tanto o Xbox Series X quanto o PlayStation 5 serão capazes de rodar os jogos de suas gerações anteriores. Afinal de contas, isso dá aos novos consoles acesso a um catálogo de milhares de títulos, muitos deles clássicos, logo no primeiro dia, além de preservar o investimento feito em jogos da geração atual.

Mas a retrocompatibilidade, nome dado a esta capacidade de rodar games das gerações passadas, não é algo novo. Na verdade, é algo quase tão antigo quanto a própria indústria dos games.

Neste artigo, vamos mostrar consoles do passado que eram compatíveis com seus antecessores. Notem que consideramos como “retrocompatibilidade” a capacidade de um console rodar jogos a partir da mídia física (cartuchos ou CDs) da geração anterior.

O início

Um dos primeiros consoles com retrocompatibilidade no mercado foi o Sega Mark III, lançado no Japão em 1985, que deu origem ao nosso Master System. Ele é capaz de rodar todos os jogos de seu antecessor, o SG-1000, já que seu hardware é um “upgrade” do modelo anterior.

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Os consoles que levaram ao Master System. De cima para baixo, da esquerda para a direita: Sega SG-1000, SG-1000 Mark II, Sega Mark III e Sega Master System.

A mesma estratégia foi usada na geração seguinte: o Mega Drive pode rodar jogos do Master System porque é uma expansão do hardware do Master. Tudo o que é necessário é um adaptador para ajustar a pinagem do slot de cartuchos. Ele era vendido pela Sega com o nome de Power Base Converter, mas também era produzido por outros fabricantes.

O Game Gear, primeiro portátil da Sega, também é baseado no Master System, sendo basicamente uma “versão portátil” do console com uma paleta de cores ampliada. Com um adaptador chamado Master Gear Converter o jogador poderia levar “pra viagem” qualquer cartucho do Master. Apesar do tamanho pequeno da tela do portátil dificultar algumas coisas (como a leitura do texto em RPGs), funcionava muito bem.

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Master Gear Converter: jogos de Master System no Game Gear. Fonte: Segaretro.org

A Atari também brincou rapidamente com a retrocompatibilidade. Seu terceiro console, o Atari 7800, era compatível com os jogos do popularíssimo Atari 2600. Há quem diga que, além dos controles horríveis, a incompatibilidade com o 2600 foi o que levou ao fracasso do segundo console da Atari, o 5200.

No Japão a NEC lançou em 1989 o Supergrafx, uma versão “turbinada” de seu popular console PC-Engine (conhecido nos EUA como Turbografx 16) e compatível com os jogos deste. Uma ótima notícia para os poucos gamers que resolveram apostar no console, porque apenas seis jogos específicos para o Supergrafx foram lançados.

Enquanto isso, na Nintendo…

No mundo da Nintendo, a retrocompatibilidade demorou para chegar. O Super Nintendo não tinha nenhuma compatibilidade com o NES, o que gerou a ira de pais nos EUA quando descobriram que seria necessário comprar novos jogos.

Entretanto, em 1994 o SNES ganhou em acessório que permitia rodar jogos do Game Boy, o primeiro portátil da Nintendo. O Super Game Boy se assemelhava a um cartucho normal de SNES, com um slot onde os jogos de Game Boy são conectados. A mágica acontecia dentro do cartucho, que continha todo o hardware do portátil exceto controles e tela.

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Super Game Boy. Jogos de Game Boy no seu SNES (e na TV!)

Falando em Game Boy, foi nos portáteis que a Nintendo mais apostou na retrocompatibilidade. O Game Boy Color podia rodar todos os jogos do Game Boy, e até mesmo “colorizá-los” graças a paletas de cores selecionáveis pelo usuário.

O Game Boy Advance foi além: rodava os jogos do Game Boy Color e do Game Boy original, o que o torna um dos poucos consoles compatíveis com duas gerações anteriores.

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Game Boy Advance: compatível com suas gerações anteriores.

Ao lançar o Nintendo DS, a Nintendo manteve a compatibilidade com o Game Boy Advance, mas não com os jogos do Game Boy Color e do modelo original. A estratégia foi repetida no Nintendo 3DS, que roda jogos do Nintendo DS, mas não do Game Boy Advance.

PlayStation e além

Quando o mercado dos videogames migrou dos 16 para os 32 Bits e além, em meados da década de 90, a retrocompatibilidade ficou um pouco esquecida. O Sega Saturn não era compatível com o Sega CD ou Mega Drive, o Nintendo 64 não rodava jogos de SNES ou NES e o PC-FX não aceitava os cartões com jogos do PC-Engine.

A retrocompatibilidade voltou à pauta com o lançamento do PlayStation 2, em 2000, que era capaz de rodar todos os jogos do PlayStation original. E na época de seu lançamento o PlayStation 3 era compatível com o PS2, pois continha todo o chipset (CPU e GPU) dele integrado ao seu hardware.

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Os modelos originais do PlayStation 3 rodavam jogos do PlayStation 2 e PlayStation.

Algum tempo depois a Sony eliminou o chipset para reduzir custos, e optou por uma solução de emulação por software. Mas até isso foi removido do sistema com o tempo. Ainda assim, todos os PS3 são capazes de rodar discos do PlayStation original.

O Nintendo GameCube recebeu após o lançamento um adaptador chamado Game Boy Player, que lhe permite rodar jogos do Gameboy Advance, Gameboy Color e Game Boy. Além do acessório, que assim como no Super Game Boy continha a maioria do hardware do GBA, também era necessário um disco com software que permitia ao jogador colocar bordas ao redor da imagem do jogo, reconfigurar controles e definir um limite de tempo para as partidas (algo bom para os pais), entre outros recursos.

O Nintendo Wii também é retrocompatível, e na maioria dos modelos pode rodar nativamente os jogos do Nintendo GameCube e aceitar seus acessórios, como controles e cartões de memória. Entretanto, a Nintendo removeu esta capacidade no fim da vida do console, nos modelos RVL-101 e Wii Mini, versões de baixo custo.

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O Nintendo Wii aceita os jogos e acessórios do Nintendo GameCube

Retrocompatível, mas nem tanto

O Xbox 360 tinha compatibilidade com os discos do Xbox original graças a um emulador integrado ao sistema operacional, mas inicialmente poucos jogos eram suportados. A Microsoft foi aumentando a lista de títulos gradativamente e na última atualização, de novembro de 2007, 461 dos 1.000 jogos para o Xbox original eram suportados.

O mesmo sistema é usado no Xbox One, que roda alguns, mas não todos, os títulos do Xbox 360, além de vários jogos do Xbox original.

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Site da Microsoft lista jogos do Xbox e Xbox 360 que podem ser usados no Xbox One

Infelizmente, contrariando a tradição o PlayStation 4 não tem compatibilidade nenhuma com discos das gerações anteriores. Entretanto, há jogos de PlayStation 2 “reempacotados” na PS Store, e jogos de PS3 disponíveis para streaming no serviço PlayStation Now.

E você, acha a retrocompatibilidade importante em uma nova geração de consoles, ou prefere que os fabricantes invistam seus esforços em novos jogos, maiores e melhores? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital