O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem em suas mãos uma lei que permite a ele desconectar seu país da rede mundial de computadores. Aprovado em maio, o projeto depende apenas de sanção do presidente para entrar em vigor. A desconexão seria feita para evitar ataques cibernéticos vindos dos Estados Unidos ou de aliados dos norte-americanos.

Quando Putin assinou a lei da Internet Russa (RuNet), imediatamente começou a receber críticas sobre os riscos de isolamento e censura, mesmo porque o país não estava em risco iminente de ciberataques. A semelhança com o que ocorre na China também foi um ponto levantado pelos opositores. Os dois países se aproximaram recentemente, em virtude da “guerra” contra os Estados Unidos pela influência sobre áreas chave na tecnologia. Apesar da aprovação da RuNet, rumores dizem que a Huawei, empresa de tecnologia chinesa, está cada vez mais integrada ao mercado russo.

As autoridades de comunicações russas já estão instalando os equipamentos da RuNet desde setembro. A Federação Russa emitiu, no último dia 12, um comunicado ressaltando “a condução de exercícios para garantir a estabilidade, segurança e funcionamento holístico da rede de informação e telecomunicação”, o que poderia ser descrito como a capacidade de gerenciar um servidor interno no país, sem nenhum auxílio internacional, com fornecedores de acesso e armazenamento de dados. Os primeiros testes serão realizados em novembro, e refeitos anualmente.

Existem controvérsias sobre a funcionalidade desse sitema, já que produzir um próprio sistema de nomes de domínio (DNS) para direcionar o tráfego internacional para seus servidores não é uma tarefa simples. Entretanto, será difícil analisar o que realmente acontecerá: as mensagens oficiais sempre serão de sucesso total.

Em setembro, Alexander Zharov, um dos chefes da agência reguladora do país confirmou a instalação dos equipamentos da RuNet. Ele se referiu a isso como “modo de combate”. Abertamente, fala-se em ciberataques, mas vai muito além disso: cobre também protestos e campanhas políticas.

A grande falha da RuNet é não identificar que, geralmente, um ataque cibernético dessas proporções parte de dentro do país. Portanto, o sistema não impedirá os ataques, mas reduzirá os efeitos colaterais causados por ele. 

Com a sanção da lei, os cidadãos russos entrarão num território virtual ainda mais restrito. A inclinação natural da Rússia à censura, sua proximidade com o governo chinês e o desgaste na relação com os norte-americanos são os fatores de risco da situação. Contudo, ainda existem dúvidas se Putin irá de fato aprovar tais níveis de restrição se for técnica e politicamente evitável.

Via: Forbes