Fenômeno espacial misterioso é observado pela primeira vez

Astrônomos conseguiram ver uma estrela de nêutrons absorvendo materiais e liberando rajadas potentes de raios X, um fenômeno que há muito desperta curiosidade em cientistas
Daniel Junqueira15/06/2020 17h35, atualizada em 15/06/2020 17h40

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Cientistas da Austrália conseguiram observar pela primeira vez um fenômeno que há muito tempo desperta curiosidade no meio astronômico: eles assistiram a um processo completo de uma estrela de nêutrons absorvendo material e depois liberando rajadas potentes de raios X.

O estudo foi feito por um grupo de 15 cientistas australianos de cinco institutos diferentes, usando dados de sete observatórios diferentes. “Essas observações nos permitem estudar a estrutura do disco de acreção e determinar quão fácil e rapidamente o material pode se mover para as entranhas da estrela de nêutrons”, explicou Adelle Goodwn, que comandou a pesquisa.

O “disco de acreção” é uma estrutura de materiais difusos que orbitam ao redor de um corpo celeste, que pode ser uma estrela jovem, uma proto-estrela, um buraco negro ou, no caso do estudo australiano, uma estrela de nêutrons.

Mais potência que o Sol

Até agora, pesquisadores acreditavam que as estrelas de nêutrons passavam dois ou três dias absorvendo material antes de soltar a rajada de raios X. As observações, no entanto, mostram que esse período inicial é consideravelmente mais longo, podendo chegar a 12 dias.

“Ao usar múltiplos telescópios sensíveis a luz em diferentes energias, conseguimos concluir que a atividade inicial ocorreu próximo à estrela companheira, nos extremos do disco de acreção, e demorou 12 dias para o disco chegar ao estado quente e para o material ser absorvido pela estrela de nêutrons, e os raios X começarem a ser produzidos”, explicou a cientista.

A explosão de raios X, segundo o estudo, durou semanas. Os pesquisadores ainda concluíram que a energia liberada da estrela no período foi equivalente ao que o nosso Sol solta em uma década – ou seja, uma potência consideravelmente superior.

Com as novas informações, astrônomos acreditam ser capazes de estudar mais a fundo e compreender melhor as estrelas de nêutrons e, mais do que isso, o nosso universo.

Via: Phys.org

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital