Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo nesta quinta-feira (22), o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, descartou a possibilidade de postergar a aprovação de uma vacina contra a Covid-19, como a CoronaVac, por conta de pressões do governo federal.

A fala de Torres contradiz a acusação do diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, de que a agência estaria retardando a autorização de importação da matéria-prima para a fabricação da CoronaVac.

A preocupação de Covas, compartilhada por governadores, é que a Anvisa sofra interferência do Poder Executivo quanto à liberação de um imunizante, já que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito uma campanha contra a vacina desenvolvida com tecnologia chinesa nos últimos dias. Nesta quinta, inclusive, o presidente afirmou que a substância não parece segura “por conta de sua origem”.    

Torres, por outro lado, garante que a análise da agência é puramente técnica, e não leva em consideração a proveniência da vacina, lembrando que o ato de dificultar o processo deliberadamente é crime previsto no Código Penal. 

“Se estamos concebendo a possibilidade de alguém daqui de dentro, intencionalmente, procrastinar, postergar ou realizar qualquer impedimento para que um medicamento salve vidas… Eu jamais vou poder cogitar isso”, afirmou ao jornal. “E, se eu tomar conhecimento disso, tomarei todas as medidas cabíveis”.

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Presidente da Anvisa nega atraso proposital de autorização para CoronaVac. Imagem: Pedro França/Agência Senado

Próximo a Bolsonaro, Torres evitou se posicionar diretamente contrário ao presidente, mas afirmou que para a Anvisa, em termos regulatórios, a origem da vacina não tem a menor relevância. “Fazemos a análise do que atende aos pré-requisitos para ser protocolado”, disse.

Por fim, o diretor-presidente afirmou que a Anvisa avalia pedidos de registros de vacina no “menor e menor prazo possível”, mas que evita fazer previsões de prazos para não comprometer o rigor das análises. 

Quanto à aprovação para a importação de matéria-prima para a CoronaVac, a agência informou em nota que está analisando o pedido e deve liberar um parecer em até cinco dias.

Via: Folha de S. Paulo