WeChat censura palavras-chave sobre o coronavírus, diz pesquisa

Mais de 500 palavras relacionadas ao surto da doença são bloqueadas pelo aplicativo chinês
Vinicius Szafran04/03/2020 21h32

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Plataformas chinesas estão censurando palavras-chave relacionadas ao surto do novo coronavírus desde o primeiro dia de 2020, segundo uma análise. A maior delas é o WeChat, aplicativo de mensagens mais popular da China e de propriedade da Tencent. Uma plataforma de streaming chamada YY também vem seguindo a mesma atitude.

Para testar a veracidade dessa informação, o grupo de pesquisa afiliado a Universidade de Toronto Citizen Lab programou conversas em grupo e as enviou a três contas de teste do WeChat, sendo duas no Canadá e uma na China.

As conversas consistiam em manchetes e texto de artigos. O grupo enviou as mensagens de uma das contas do WeChat baseadas no Canadá para a conta chinesa, e observou quais informações essa segunda conta receberia. Em janeiro, 132 combinações de palavras-chave foram censuradas pelo aplicativo. Na segunda semana de fevereiro, porém, esse número subiu para 516.

Já na YY, plataforma similar ao Twitch, 45 palavras-chave foram adicionadas a uma “lista negra” no dia 31 de dezembro de 2019. Dessas, cinco foram removidas no dia 10 de fevereiro, segundo o Citizen Lab. A lista de bloqueios da YY é local, ou seja, está no app, ao contrário do WeChat, que usa um servidor remoto para promover a censura das palavras.

Reprodução

Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu as primeiras informações sobre o Covid-19 de autoridades de saúde pública da China no fim de dezembro. A censura entrou em vigor na virada do ano, e continua no momento mais intenso do surto. A base de usuários ativos do WeChat é de um bilhão de usuários por mês – o que significa que muitas pessoas podem ter perdido informações importantes sobre a epidemia, assim como maneiras de contê-la.

As palavras-chave censuradas incluem informações factuais sobre a doença, referências às políticas de epidemia do governo e o nome de Li Wenliang, um dos primeiros médicos a alertar a população sobre a doença. Wenliang foi contaminado enquanto tratava pacientes com o novo coronavírus e morreu no dia 6 de fevereiro. O caso gerou protestos públicos contra a manipulação de informações feita pelo governo.

As razões por trás da censura ainda não foram complemente esclarecidas, embora seja possível que a ordem tenha partido do governo chinês, cujo WeChat mantém laços estreitos. A rede social já utilizou o próprio aplicativo e o Twitter para rastrear pessoas consideradas pelas autoridades como disseminadoras de informações negativas sobre o surto do Covid-19.

Via: The Verge

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital