Não existem evidências que comprovem a possibilidade de o novo coronavírus ser transmitido por transfusões de sangue. Entretanto, diante dos muitos mistérios que ainda cercam o agente causador da Covid-19, pesquisadores da Colorado State University, nos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica capaz de reduzir o volume do patógeno em produtos sanguíneos, incluindo amostras de plasma humano.

As provas são colocadas em um compartimento acoplado a um dispositivo médico chamado Mirasol Pathogen Reduction Technology System, projetado pela Terumo BCT. Na sequência, são introduzidas soluções do composto orgânico riboflavina, o qual é muito utilizado como corante alimentar. O sistema agita gentilmente a amostra contida no compartimento para provocar a circulação das células sanguíneas e, então, expõe o conteúdo a raios de luz ultravioleta.

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Os cientistas relataram o processamento de três amostras de sangue e outras nove de plasma, em estudo divulgado na última sexta-feira (29). Segundo Izabela Ragan, pós-doutora do Departamento de Ciências Biomédicas da CSU e coautora do projeto, a ferramenta foi capaz de eliminar “uma quantidade enorme de vírus” e não foi possível detectar o patógeno nas amostras após a aplicação do processo.

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Técnica capaz de reduzir o volume do coronavírus no sangue foi desenvolvida nos EUA/Foto: Reprodução

Não é tratamento

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É importante frisar que o sistema não corresponde a uma proposta de tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A ideia do projeto é estudar somente a eliminação do vírus de amostras de sangue já extraídas de pacientes. Vale lembrar que a exposição do corpo humano a raios ultravioleta pode causar sérios danos à saúde, incluindo câncer de pele, problemas oculares e disfunções do sistema imunológico.

De acordo com Ragan, a pesquisa procura responder a uma pergunta central: se for provado que o novo coronavírus pode ser transmitido pelo sangue ou pela doação de sangue, seria possível matar o vírus? Segundo ela, o trabalho mostra que sim. 

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Já Ray Goodrich, autor sênior do estudo e diretor do Centro de Pesquisas de Doenças Infecciosas da CSU, acrescenta que a pesquisa pode ajudar a evitar o que aconteceu na década de 80 com o vírus do HIV. Ele diz que enquanto o vírus era transmitido através do sangue e produtos sanguíneos, cientistas ainda tentavam isolar e identificar o que poderia estar causando a disseminação do patógeno.

Fonte: Medicalxpress