Aproximadamente 2,2 milhões de moradores adultos da cidade de São Paulo, ou 26,2% do total, podem ter contraído o novo coronavírus em algum momento da pandemia. É o que indica um estudo que analisa a prevalência de anticorpos para o Sars-Cov-2 entre a população da capital.

O mapeamento é conduzido em conjunto pela Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Grupo Fleury com apoio do Ibope Inteligência. No início de outubro, os pesquisadores coletaram amostras de sangue de 1.129 pessoas maiores de 18 anos para análise laboratorial.

Os resultados mostraram disparidades relacionadas aos níveis de contaminação em diferentes regiões da cidade. Como revelado por levantamentos anteriores, a disseminação do vírus é mais alta entre pobres, negros e pessoas com menos escolaridade.

Na parcela da população de renda mais baixa, a prevalência dos anticorpos foi de 30,4%, contra 21,6% nos distritos mais ricos. Adultos que abandonaram a escola no ensino fundamental aparecem com 35,8%, enquanto os que concluíram ensino superior representam 16% dos infectados.

É válido observar que o Brasil passou recentemente dos 5,3 milhões de casos confirmados de Covid-19. Levando em conta a estimativa apresentada pelo estudo, esse número pode ser muito maior, já que, oficialmente, a cidade de São Paulo registra aproximadamente 353 mil casos, em vez de 2,2 milhões.

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Número alto de pessoas que já foram infectadas e medidas de distanciamento podem dificultar a transmissão do vírus na cidade de São Paulo. Imagem: Rovena Rosa/Shutterstock 

Levantamento da Prefeitura mostra 13,6%

Os resultados da última fase inquérito da Prefeitura, divulgados na terça-feira da semana passada (13), mostraram uma prevalência de 13,6% de anticorpos entre a população adulta da cidade.

O motivo para a discrepância em relação ao estudo do Grupo Fleury é que este trabalha com exames laboratoriais mais precisos, enquanto a Prefeitura utiliza testes rápidos, que podem dar falsos negativos, como explica o biólogo Fernando Reinach ao Estadão.

De acordo com Reinach, a taxa de 26,2% ajuda a explicar por que a transmissão está em queda no município. Com o aumento do número de pessoas infectadas, o vírus passa a ter dificuldades para circular, ele afirma. Uma taxa por volta de 13%, como sugere a Prefeitura, não seria suficiente para causar esse efeito.

O estudo da USP, Unifesp e Grupo Fleury está em sua quarta fase de análises. Na etapa anterior, realizada no fim de julho, os exames laboratoriais detectaram anticorpos em 17,9% das amostras, o que aponta para a contaminação de aproximadamente 700 mil adultos em pouco mais de dois meses.

Via: O Estado de S. Paulo