Apenas um dia após cientistas de Hong Kong confirmarem o primeiro caso de reinfecção pelo coronavírus no mundo, dois pacientes, um na Holanda e um na Bélgica, também foram contaminados mais uma vez pelo Sars-Cov-2, segundo a imprensa holandesa.
O primeiro paciente, um idoso holandês, já possuía um sistema imunológico enfraquecido, segundo a virologista Marion Koopmans, enquanto uma mulher belga teria se contaminado em março e depois em junho, apresentando apenas sintomas leves na segunda vez. Nenhum dos governos se pronunciou oficialmente sobre os casos.
“Que alguém apareça com uma reinfecção, isso não me deixa nervosa. Temos que ver se isso acontece com frequência”, teria afirmado Koopmans, segundo a agência Deutsche Welle. A maior dificuldade em comprovar a reinfecção é que é necessária uma análise genética em ambos os casos, para ver se há diferenças no vírus ou se ele apenas permaneceu adormecido no corpo.
Paciente de Hong Kong
Pesquisadores da Universidade de Hong Kong confirmaram que um homem de 33 anos é o primeiro paciente a ser comprovadamente reinfectado com o vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19. Um estudo do caso será publicado no jornal especializado Clinical Infectious Diseases.
Apesar de diversas suspeitas, esses são os primeiros casos confirmados de reinfecção. Foto: NIAID/Flickr
O homem foi hospitalizado pela primeira vez com sintomas leves da doença em 29 de março e teve alta em 14 de abril, depois que os sintomas desapareceram. A segunda infecção foi detectada em 15 de agosto, quando ele retornou a Hong Kong após uma viagem à Espanha com escala no Reino Unido. Apesar de hospitalizado e em observação, o paciente permanece assintomático.
Implicações da reinfecção
Os pesquisadores apontam algumas implicações potenciais como decorrência deste caso, com base no conhecimento prévio de outros coronavírus causadores de resfriados comuns, que tem ressurgência sazonal, como exemplo do que pode acontecer.
Primeiro, a imunidade “de rebanho” não deve eliminar totalmente o Sars-Cov-2 e a Covid-19. No entanto, eles acreditam ser possível que infecções subsequentes possam ser mais leves do que a primeira, como observado no caso de o paciente permanecer assintomático durante todo o período de acompanhamento, além de estudos com macacos indicarem o mesmo.
Eles também fazem a ressalva de que a descoberta pode indicar que uma vacina contra a Covid-19 pode não oferecer uma imunidade duradoura. Além disso, pacientes curados da doença deveriam ser incluídos em pesquisas por um imunizante.
No entanto, a OMS tem uma perspectiva um pouco mais positiva sobre o caso. Maria Van Kerkhove, epidemiologista americana líder técnica da organização ressalta que ainda é necessário analisar os resultados do estudo, mas, neste momento, o mundo já tem mais de 24 milhões de casos confirmados de Covid-19 e muitos outros que sequer foram diagnosticados.
A descoberta de um caso de reinfecção após pouco mais de quatro meses da primeira exposição ao vírus mostra que, ao menos em um período tão curto, trata-se de um evento raro, e não recorrente.
Via: G1