Os esforços do mundo todo estão voltados para encontrar uma forma de combater a Covid-19. Muitos especialistas apontam a hidroxicloroquina como um medicamento eficaz contra a doença – mesmo não havendo evidências conclusivas sobre sua eficácia. No entanto, para verificar essa questão, cerca de mil pessoas devem receber doses do remédio em testes que começam nos próximos dias aqui no Brasil.
A pesquisa será conduzida a partir de uma parceria do Hospital Israelita Albert Einstein, Sírio Libanês, HCor e a empresa BRICNet, uma rede que participa de estudos clínicos na área médica, além de outros hospitais espalhados pelo país.
Em entrevista ao Uol, Otávio Berwanger, diretor de pesquisas clínicas do Hospital Israelita Albert Einstein, declarou que os pesquisadores estão otimistas com os resultados – que, segundo estimativas de Berwanger, devem começar a aparecer em até dois meses.
Ele destaca que essa pesquisa deixa o Brasil a “altura de outros países, talvez até um pouco à frente”, além de que os resultados “podem ajudar o mundo todo”.
Fases de pesquisa
Ao ser questionado sobre como a pesquisa seria conduzida, Berwanger diz que ela seria feita de forma colaborativa, e que esse não é o momento de “uma instituição competir com a outra”. O objetivo dessa fusão é de conseguir resultados o mais rápido possível.
O médico detalhou as etapas em que os testes serão divididos. Serão três fases: Coalização Covid-19 Brasil I, Coalização Covid-19 Brasil II e Coalização Covid-19 Brasil III. Ao contrário do que parece, eles não seguirão a ordem prevista, o foco inicial será nos pacientes de maior gravidade.
A Coalização Covid-19 Brasil I testará a aplicação do medicamento em pacientes com sintomas como falta de ar leve, febre e tosse persistente. Para esta fase, foram selecionadas 600 pessoas. Esse grupo será sub-dividido em três: com os primeiros pacientes recebendo a hidroxicloroquina com azitromicina, o segundo conjunto receberá apenas a hidroxicloroquina e os outros 200 não receberão nenhum dos dois medicamentos, serão tratados apenas com terapias usadas atualmente para controle dos sintomas.
A segunda fase – que, como citado, será a que vai ter início nos próximos dias – terá a participação de 440 pacientes de maior gravidade. Esta etapa é voltada para indivíduos que necessitam do auxílio de oxigênio e se encontram em unidades de tratamento semi-intensivo e intensivo. Aqui, serão apenas dois grupos: o primeiro receberá a combinação de drogas e o segundo apenas a hidroxicloroquina. O médico justifica a ausência de um grupo que não receberá nenhum medicamento: “Como são casos mais preocupantes, achamos melhor não ter participantes que não recebem pelo menos uma das drogas”.
A terceira fase contará com 284 pacientes com insuficiência respiratória grave, e que necessitam de aparelhos de suporte para respirar. Nesses indivíduos, será ministrada uma dose de dexametasona, um medicamento com ação anti-inflamatória.
Vale lembrar que, de acordo com o médico, apenas a fase Coalização Covid-19 Brasil II recebeu autorização para iniciar os testes. Por esse motivo, o início da aplicação do medicamento deve ocorrer nos próximos dias. As outras duas partes do projeto ainda dependem de aprovação para início.
Escolha do medicamento
Berwanger ainda falou sobre a escolha do uso da hidroxicloroquina. O médico informa que, apesar de terem composições diferentes, são muito parecidos nos benefícios clínicos oferecidos.
Ele justifica: “Optamos pela hidroxicloroquina porque a droga tem um tempo de ação e perfil de segurança que parecem apropriados para serem testados nos pacientes, mas só os resultados poderão confirmar. Também há estudos internacionais testando a cloroquina para pacientes com a Covid-19”.
Via: Uol