A empresa norte-americana Moderna anunciou nesta segunda-feira (27) o início da terceira etapa de testes clínicos de sua candidata a vacina contra o novo coronavírus. Trata-se do último estágio de experimentos antes da substância receber a autorização para ser licenciada e distribuída.

O estudo será conduzido com cerca de 30 mil voluntários, em 87 regiões dos Estados Unidos. A iniciativa dividirá os participantes em dois grupos. Uma parcela dos pacientes receberá uma dose de 100 microgramas, seguida de um reforço após 29 dias. A outra parte representará o grupo de controle e será submetida a placebos – isto é, substâncias ineficazes.

A pesquisa conta com o apoio financeiro dos Estados Unidos que, segundo a Moderna, devem investir mais US$ 472 milhões (cerca de US$ 2,4 bilhões) para auxiliar o novo estágio de testes da vacina. O governo norte-americano já havia destinado, anteriormente, outros US$ 480 milhões para apoiar o desenvolvimento do imunizante.

Além do produto da Moderna, outras quatro vacinas estão na etapa final de testes clínicos. É o caso da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, com a farmacêutica AstraZeneca; do imunizante da empresa chinesa de biotecnologia Sinovac; e de outras duas candidatas produzidas pela farmacêutica chinesa Sinopharm.

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Os aportes dos Estados Unidos integram um programa governamental chamado Operação Warp Speed, que visa fomentar o desenvolvimento de diferentes potenciais vacinas contra a Covid-19 e reservar futuras doses para o país. Imagem: Reuters

A vacina da companhia norte-americana propõe uma tecnologia inédita. O composto apresenta o RNA mensageiro (mRNA) com instruções para a replicação da proteína espinhosa utilizada pelo vírus para invadir células saudáveis. A ideia é induzir que o próprio organismo do paciente possa produzir essas proteínas e, assim, desenvolver imunidade contra a ação do novo coronavírus.

Resultados anteriores

Em 14 de julho, a Moderna publicou os resultados da primeira fase de testes clínicos de sua candidata a vacina em artigo na revista científica New England Journal of Medicine. A etapa contou com 45 pessoas saudáveis de 18 a 55 anos divididos em três grupos, cada um deles recebeu uma dosagem distinta.

A publicação apontou que apenas três voluntários, que receberam a dose mais alta, relataram efeitos adversos classificados como “severos”. Metade dos participantes apresentou reações leves ou moderadas, incluindo dor de cabeça, dores musculares e fadiga. Não foram constatados efeitos colaterais graves.

Já a fase 2 envolveu 600 voluntários. Os resultados, no entanto, ainda não foram divulgados.

Terceira etapa

A última etapa de testes clínicos busca aferir a eficácia e segurança de vacinas em larga escala. Neste estágio, pesquisas seguem metodologias científicas mais rigorosas do que nas anteriores. Os cientistas formam grupos de pacientes que recebem o composto ativo e outro grupo de controle, em que é administrado placebo. Para minimizar possíveis interferências, o estudo é randomizado e duplo-cego – ou seja, nem aplicadores, nem voluntários sabem quem recebeu o composto ativo e quem recebeu substâncias ineficazes.

Além disso, o objetivo da fase 3 consiste em certificar se os pacientes são capazes de apresentar imunidade diante da exposição ao vírus em meio a comunidade. Essa tarefa pode levar mais de um ano até que seja concluída. Com a busca acelerada por uma vacina contra o coronavírus, porém, algumas iniciativas já estimam a distribuição de doses ainda este ano.

O composto desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca é um dos casos. Cientistas à frente do projeto sugeriram que o imunizante pode estar pronto para ser distribuído por volta de outubro. A vacina é testada desde 22 de julho em voluntários brasileiros, como parte de um estudo liderado no país pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Fonte: G1/Infomoney