Vacina contra Covid-19 tem resultado promissor nos EUA e avança a testes finais

Pesquisa da Moderna finalmente teve resultados publicados em formato de artigo científico, e fase final de testes começa no fim de julho
Renato Santino15/07/2020 00h44, atualizada em 15/07/2020 00h50

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A corrida por uma vacina funcional contra a Covid-19 ganhou um novo competidor forte nesta terça-feira (14). A farmacêutica Moderna, que desenvolve uma fórmula em conjunto com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), órgão governamental dos Estados Unidos, finalmente publicou os dados encorajantes da primeira fase de testes com humanos e já se prepara para avançar para a etapa final.

O estudo com os dados detalhados da fase 1 de testes da vacina de RNA da Moderna foi publicado pela revista científica New England Journal of Medicine. Nesta etapa, pesquisadores esperam averiguar primariamente a segurança do composto em um grupo pequeno de pessoas: 45 pessoas saudáveis de 18 a 55 anos divididos em três grupos, com cada grupo recebendo uma dosagem distinta. Apenas três voluntários, que receberam a dose mais alta, que não será mais utilizada, relataram efeitos adversos classificados como “severos”. As outras doses mais leves não mostraram reações mais preocupantes.

Paralelamente a isso, o resultado também foi animador do ponto de vista de geração de anticorpos. A Moderna nota em seu estudo que todos os pacientes que receberam a vacina registraram um nível de anticorpos imunizantes maior do que os pacientes de Covid-19, o que é positivo, e era o resultado esperado pelos pesquisadores. No entanto, para alcançar esse resultado, foi necessário a aplicação de duas doses com um mês de diferença entre elas, como reporta a Associated Press.

Uma questão que ainda deve ser respondida, no entanto, é a longevidade dos anticorpos. Já existem múltiplas pesquisas apontando que quem se curou da Covid-19 tende a perdê-los após poucos meses, gerando questionamentos sobre o quão duradoura é a imunidade de quem foi infectado, e o mesmo pode valer para uma vacina. Por isso, pesquisadores têm batido na tecla sobre a importância de criação de outro tipo de defesa, utilizando as células T, e que podem ser mais eficazes para imunização de longo prazo.

A publicação dos resultados nesta terça serve para acalmar a comunidade científica. Em maio, a Moderna havia revelado dados positivos, mas apenas em um comunicado à imprensa, sem detalhar seus procedimentos e resultados no formato de um estudo, gerando desconfiança entre outros pesquisadores.

Apesar de a pesquisa ter alcançado o resultado que se esperava na primeira fase, ainda são necessárias outras duas etapas de teste. A fase 2, que incluirá 600 participantes, já está em andamento e permitirá ver com mais clareza a capacidade da vacina. Os pesquisadores também esperam iniciar a fase 3 no dia 27 de julho, com 30 mil voluntários. Nesta fase final, os pesquisadores esperam que os participantes, divididos aleatoriamente entre dois grupos, com um deles recebendo apenas um placebo, se exponham ao vírus para saber se a vacina realmente protege contra a infecção.

A vacina desenvolvida pela Moderna utiliza uma técnica que até hoje não é usada contra nenhuma outra doença no mundo. A empresa aposta na utilização do RNA mensageiro, no qual a pessoa recebe uma injeção com material genético para que suas próprias células produzam as proteínas do vírus com o objetivo de que seu sistema imunológico crie as defesas contra o coronavírus real. É uma abordagem similar à da Pfizer, que também anunciou resultados animadores de fase 1 recentemente, bastante parecidos com o da Moderna.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital