Brasil negocia com Pfizer compra da vacina experimental da Covid-19

Farmacêutica divulgou nesta segunda-feira (09) que sua vacina contra a Covid-19 tem eficácia de 90%; doses foram oferecidas em julho, mas o governo federal não mostrou interesse
Renato Mota09/11/2020 21h21

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Um porta-voz da farmacêutica Pfizer confirmou à agência Reuters que o governo federal está em negociação para incluir a vacina experimental contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório no Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. Atualmente, a vacina passa por testes clínicos avançados com 3,1 mil voluntários na Bahia e em São Paulo.

Nesta segunda-feira (09), a Pfizer e alemã BioNTech SE divulgaram os resultados desses testes que demonstram que a vacina tem eficácia “superior a 90%“. Em agosto, a farmacêutica já havia afirmado que sua vacina produzia uma “resposta imunológica robusta” e, em setembro, declarou que ela tem efeitos colaterais considerados leves a moderados.

As empresas esperam conseguir neste mês, autorização do governo dos  para seu uso em caráter emergencial. Porém, a vacina não estava entre as acordadas pelo governo brasileiro, como é o caso da que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz.

Em uma entrevista à Veja, o CEO da Pfizer Brasil, Carlos Murillo, contou que a empresa resserviu uma quantidade de doses e sinalizou para vários países que pudessem ter interesse. “Quando o governo federal não nos respondeu, a companhia nos autorizou a iniciar negociações em nível estadual”, afirmou Murillo.

Reprodução

Centro de pesquisa da Pfizer em St. Louis, nos EUA. Imagem: Jon Rehg/Shutterstock

Diferente do que aconteceu, por exemplo, com a SinoVac, que negociou uma vacina com o governo de São Paulo, as doses da Pfizer inicialmente não viriam para o Brasil. “Eu venho falando muito que seria muito ruim que as pessoas comecem a ser vacinadas em outros países e não no Brasil. Então, se o governo federal acha que já tem essa questão resolvida, temos avançado na discussão com vários estados”, afirmou o CEO em outubro.

O Ministério da Saúde, porém, não deve encarar o mesmo cenário de negociações de meses atrás. “O cenário que nós tínhamos para o governo brasileiro na oferta de agosto é diferente do que temos para outubro. Simplesmente porque muitos outros países já assinaram e as doses estão sendo distribuídas”, disse Murillo à Veja, antes dos resultados da vacina.

Uso emergencial

A Pfizer espera conseguir autorização para o uso emergencial da vacina em pessoas de 16 a 85 anos nos Estados Unidos. Para isso, precisa de dois meses de dados sobre sua segurança em metade dos 44 mil participantes do estudo, que inclui brasileiros, algo que deve acontecer no fim deste mês.

O governo dos EUA comprou 100 milhões de doses da vacina da Pfizer em julho deste ano, antes mesmo que sua eficácia fosse comprovada, em um negócio avaliado em US$ 1,95 bilhão. A empresa espera produzir neste ano 50 milhões de doses. É o suficiente para imunizar 25 milhões de pessoas, já que a vacina é aplicada em duas doses.

Em 2021, a estimativa é de produzir 1,3 bilhão de doses. Além dos EUA, a Pfizer também tem contratos para fornecer a vacina aos governos da União Europeia, Reino Unido, Canadá e Japão.

Vale lembrar que os dados do estudo da Pfizer ainda não foram disponibilizados para a comunidade científica, nem submetidos ao processo de revisão por seus pares para publicação na imprensa especializada. Estes passos são considerados essenciais antes que um julgamento final sobre a eficácia da vacina possa ser feito.

Via: Reuters/Veja

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital