Crianças podem ter Covid-19 e anticorpos simultaneamente, diz estudo

Vírus e anticorpos coexistiam no organismo de nove crianças examinadas pelos pesquisadores; é possível que a doença continue sendo transmitida mesmo após a detecção de anticorpos no sangue
Davi Medeiros03/09/2020 15h03, atualizada em 03/09/2020 15h40

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Pesquisadores do Children’s National Hospital, nos Estados Unidos, descobriram que crianças e adolescentes podem carregar o vírus causador e os anticorpos da Covid-19 ao mesmo tempo. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (3) no Journal of Pediatrics.

O estudo analisou pacientes jovens que tiveram a doença entre 13 de março e 21 de junho, e considerou exames realizados em 33 crianças durante o período de infecção. Deste número, nove apresentaram anticorpos no sangue enquanto os testes continuavam a dar positivo para o coronavírus.

“Com a maioria das doenças, quando você começa a detectar anticorpos, não se detecta mais o vírus”, explicou Burak Bahar, autora principal do estudo. “Com a Covid-19, porém, estamos identificando os dois simultaneamente”.

Segundo a médica, isso significa que as crianças poderiam continuar transmitindo a doença mesmo após a detecção dos anticorpos. Ela afirma que o próximo passo da pesquisa é buscar comprovação para esta hipótese.

Reprodução

Pesquisadores detectaram o novo coronavírus e anticorpos simultaneamente no sangue de pacientes jovens. Imagem: CrispyPork/Shutterstock

O estudo também avaliou o tempo que o vírus leva para desaparecer do organismo. Com base nos dados de mais de 6 mil crianças tratadas pelo hospital desde o início da pandemia, os pesquisadores descobriram que o Sars-Cov-2 deixa de ser detectado, em média, após 25 dias.

O período oscila conforme o grupo estudado. A média para pacientes de 6 a 15 anos foi de 32 dias, no geral, e 44 dias considerando somente as meninas. Os meninos, por outro lado, levaram 25 dias para se livrar dos vírus. Entre os pacientes mais velhos, de 16 a 22 anos de idade, a média para que o vírus deixasse de ser detectado foi de 18 dias.

Já o desenvolvimento dos anticorpos que previnem a reinfecção, chamados neutralizantes, levou em média 36 dias, o dobro do tempo gasto para o aparecimento dos anticorpos iniciais, que foi de 18 dias.

Para Bahar, os resultados da pesquisa mostram que não se pode baixar a guarda após a detecção de anticorpos ou o desaparecimento dos sintomas. Ela destaca que o distanciamento social e os cuidados com higiene devem continuar sendo praticados até mesmo por aqueles que acreditam já ter se curado da doença.

Via: Medical Express

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital