O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos enviou uma notificação para as autoridades de saúde pública de todos os estados para se prepararem para distribuir uma vacina contra o novo coronavírus já no final de outubro ou início de novembro. De acordo com o New York Times, que teve acesso ao documento, a vacina será direcionada para profissionais de saúde e outros grupos de alto risco.
Na semana passada, tanto Anthony Fauci, infectologista que tem liderado esforços científicos do país, quanto Stephen Hahn, diretor da Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador do governo para medicamentos, disseram em entrevistas que uma vacina poderia ser distribuída para certos grupos antes da conclusão dos ensaios clínicos.
Os documentos apresentam cenários detalhados para a distribuição de duas vacinas não identificadas – cada uma exigindo duas doses, separadas por algumas semanas – em hospitais, clínicas móveis e outras instalações. Profissionais de saúde estariam entre os primeiros a receber o produto, junto com outros trabalhadores essenciais e funcionários da segurança nacional. Cidadãos com 65 anos ou mais, bem como pessoas de “populações de minorias raciais e étnicas”, nativos americanos e indivíduos encarcerados também estão entre as prioridades.
Prédio sede do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention) em Atlanta, estado da Geórgia. Imagem: Rob Hainer/Shutterstock
Nos EUA, a pandemia da Covid-19 já vitimou mais de 184 mil pessoas. Porém, a possibilidade de uma aplicação em massa de uma possível vacina tão cedo preocupa especialistas, que temem que o governo do presidente Donald Trump esteja tentando apressar a distribuição de uma vacina antes das eleições de 3 de novembro.
“Este cronograma de implantação inicial no final de outubro é profundamente preocupante para a politização da saúde pública e suas consequências para a segurança”, avalia a epidemiologista Saskia Popescu, em entrevista ao NY Times. “É difícil não ver isso como um incentivo a uma vacina pré-eleitoral”, completa.
Um porta-voz do CDC confirmou que os documentos foram enviados, mas não comentou seu conteúdo.
Via: New York Times