Crianças infectadas com o coronavírus ficam menos doentes que adultos

Pesquisa mostra que elas desenvolvem sintomas muito mais brandos, ou até mesmo nenhuma manifestação da doença
Rafael Rigues09/03/2020 14h13

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Ao analisar dados sobre a recente epidemia causada pelo coronavírus, epidemiologistas se viram diante de um mistério. Normalmente uma doença respiratória afeta mais severamente os muito jovens, que tem um sistema imunológico ainda em desenvolvimento, e os mais idosos, onde ele já não funciona de forma tão eficaz. Entretanto, dos 72 mil casos confirmados na China, menos de 1% foram diagnosticados em crianças menores de 10 anos. E nesta faixa etária não houve uma morte sequer.

Segundo novo estudo feito por pesquisadores da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos EUA, em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Harbin e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças de Shenzen, ambos na China, há uma possível explicação: elas ficam doentes, mas desenvolvem sintomas menos severos.

A pesquisa aponta que crianças expostas ao vírus são infectadas na mesma proporção que os adultos, 7 a 8%, mas, em geral, tem sintomas muito mais brandos, e em alguns casos nem sequer mostram manifestações. Foi o caso da jovem de 13 anos que foi o quarto caso confirmado do vírus no Brasil, mesmo sem ter sintomas.

Possíveis respostas

O motivo não está claro, mas uma possibilidade tem a ver com o desenvolvimento dos pulmões. À medida que uma pessoa envelhece, os pulmões sofrem danos devido à exposição a poluição, doenças anteriores, alergias respiratórias, etc. Estes órgãos “enfraquecidos” tornariam as pessoas mais suscetíveis aos coronavírus.

Outra possibilidade é que o organismo das crianças tenha uma resposta imunológica diferente ao causador da Covid-19, com anticorpos desenvolvidos para outros vírus similares, como o da gripe, reagindo contra o novo invasor.

Mesmo que um motivo ainda não tenha sido estabelecido, o fato de que crianças podem ter a doença e ser assintomáticas justifica medidas como o fechamento temporário de escolas, que podem ser cruciais para impedir a disseminação do vírus.

Fonte: Wired

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital