Como oxímetros de dedo podem ajudar na detecção de sintoma da Covid-19

Pacientes infectados pelo novo coronavírus apresentam diminuição na quantidade de oxigênio presente no sangue; dispositivo pode ajudar a detectar uma condição respiratória grave se formando
Luiz Nogueira23/04/2020 14h00, atualizada em 24/04/2020 12h20

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Normalmente, pacientes acometidos pela Covid-19 apresentam desconforto no peito, dor ao respirar e outros problemas respiratórios. No entanto, em alguns casos, a pneumonia causada pela doença leva a uma condição chamada “hipóxia silenciosa”, que oferece bastante risco ao paciente, já que, como o nome sugere, se trata da diminuição do oxigênio no corpo, de forma silenciosa.

Radiografias são capazes de detectar a condição. O problema é que a maioria dos pacientes sequer sabe que está com baixa concentração de oxigênio no sangue, até que seja tarde demais. Isso ocorre porque, enquanto a pessoa desenvolve os sintomas característicos do novo coronavírus, ela ainda não sente qualquer desconforto ou falta de ar ao respirar.

Ainda assim, o baixo oxigênio é compensado por respirações mais rápidas e profundas – e isso ocorre sem que a pessoa perceba. Ou seja, monitorar o nível de oxigênio no sangue é uma parte bastante importante nessa luta contra a doença. Com a medida é possível detectar uma condição respiratória grave se formando de forma precoce – mesmo que não haja sintomas visíveis.

E se a superlotação dos centros médicos dificulta a averiguação desses níveis, um equipamento simples e barato – que pode ser usado em casa – pode ser uma boa solução: os oxímetros de dedo.

Esses dispositivos são relativamente acessíveis em questão de preço. No Brasil, por exemplo, há modelos com valores a partir de R$99 – com alguns, de marcas mais conhecidas, chegando a custar R$ 260. Com uma pesquisa rápida na internet, é possível encontrá-los à venda nos principais e-commerce, em sites de farmácias famosas e em lojas específicas de produtos hospitalares.

Como funciona um oxímetro?

Os oxímetros de dedo são pequenos e extremamente simples de usar. São ligados por um único botão e devem ser colocados na ponta do dedo. Em alguns segundos, dois números são exibidos: saturação de oxigênio no sangue e frequência cardíaca.

Reprodução

Essa medição é possível graças à luz emitida pelo dispositivo que, literalmente, penetra o dedo do usuário. Com isso, é possível medir a quantidade de oxigênio transportada pelo sangue em tempo real. Para confirmar se a medida é precisa, o paciente pode contar seu pulso por um minuto e comparar o resultado com o número obtido pelo oxímetro. Se forem dados parecidos, quer dizer que a medição foi correta.

Os oxímetros de dedo são bastante precisos na detecção de problemas de oxigenação e batimentos cardíacos. De acordo com a Dra. Nicolle Queiroz, cardiologista do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e do Hospital São Luiz, esses aparelhos são realmente eficazes “se a pilha estiver funcionando e a curva [do aparelho] for sinusoidal [para caber o dedo]”.

A medição constante e o acompanhamento – seja caseiro ou não – podem fornecer um sistema de alerta precoce para os problemas respiratórios associados à Covid-19.

No entanto, ao mesmo tempo que traz benefícios, o sistema pode ser um fator decisivo na vida de algumas pessoas, pois há riscos presentes em sua utilização – mesmo que eles sejam mínimos em relação ao que beneficia.

Dentre eles, pode-se destacar a interpretação errônea das medições feitas pelo aparelho. Isso pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda, mesmo em situações extremas. Também há a possibilidade de que os pacientes sem nenhuma relação com a Covid-19, como pessoas que têm problemas pulmonares crônicos e com saturação de oxigênio limítrofe ou levemente baixa, sejam alarmadas e procurem ajuda, mesmo sem necessidade.

Monitoramento

Todos os pacientes que tiveram teste positivo para o novo coronavírus devem ter monitoramento por um oxímetro durante duas semanas – período em que a doença se desenvolve.

Todas as pessoas com tosse, fadiga e febre – sintomas comuns da Covid-19 – também devem ser monitoradas, mesmo que não tenham realizado o teste ou, se já o fizeram, e o resultado foi negativo. Pesquisas estimam que os kits de detecção são 70% precisos, havendo essa margem para possíveis erros.

Obviamente, o oxímetro de dedo não deve ser usado como teste para o novo coronavírus, ele serve apenas como uma ferramenta para indicar que há a possibilidade de o paciente ter contraído a doença e está nos estágios iniciais – o período de incubação, quando o vírus ainda não se manifestou com sintomas perceptíveis.

De acordo com Paulo Puccinelli, médico do esporte do Care Club, “a oximetria de dedo é muito utilizada para pacientes que têm doenças pulmonares crônicas”, como exemplo, ele cita displasia, DPOC e enfisema. Ele ainda informa que a medição é usada, pois, esses pacientes, de maneira geral, têm problemas na saturação da hemoglobina. Por isso, segundo ele, é um parâmetro que se deve ter cuidado.

O médico continua e diz que os níveis de oxigênio de uma pessoa saudável variam de 98% a 100% na medição do aparelho. No entanto, ele destaca que, normalmente, “valores acima de 90% são considerados normais”. Quando esse número é abaixo de 90%, ele alerta de que pode haver complicações que necessitam de avaliação – isso porque podem indicar a presença de problemas respiratórios e circulatórios.

Ainda segundo Puccinelli, os dados coletados na medição com o oxímetro, juntamente com informações de temperatura corporal, podem ser usados para definir se o paciente tem algum problema que exige procurar auxílio médico. “A oximetria de dedo pode sim ser utilizada como uma ferramenta importante na época do coronavírus”, finaliza.

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital