Normalmente, pacientes acometidos pela Covid-19 apresentam desconforto no peito, dor ao respirar e outros problemas respiratórios. No entanto, em alguns casos, a pneumonia causada pela doença leva a uma condição chamada “hipóxia silenciosa”, que oferece bastante risco ao paciente, já que, como o nome sugere, se trata da diminuição do oxigênio no corpo, de forma silenciosa.
Radiografias são capazes de detectar a condição. O problema é que a maioria dos pacientes sequer sabe que está com baixa concentração de oxigênio no sangue, até que seja tarde demais. Isso ocorre porque, enquanto a pessoa desenvolve os sintomas característicos do novo coronavírus, ela ainda não sente qualquer desconforto ou falta de ar ao respirar.
Ainda assim, o baixo oxigênio é compensado por respirações mais rápidas e profundas – e isso ocorre sem que a pessoa perceba. Ou seja, monitorar o nível de oxigênio no sangue é uma parte bastante importante nessa luta contra a doença. Com a medida é possível detectar uma condição respiratória grave se formando de forma precoce – mesmo que não haja sintomas visíveis.
E se a superlotação dos centros médicos dificulta a averiguação desses níveis, um equipamento simples e barato – que pode ser usado em casa – pode ser uma boa solução: os oxímetros de dedo.
Esses dispositivos são relativamente acessíveis em questão de preço. No Brasil, por exemplo, há modelos com valores a partir de R$99 – com alguns, de marcas mais conhecidas, chegando a custar R$ 260. Com uma pesquisa rápida na internet, é possível encontrá-los à venda nos principais e-commerce, em sites de farmácias famosas e em lojas específicas de produtos hospitalares.
Como funciona um oxímetro?
Os oxímetros de dedo são pequenos e extremamente simples de usar. São ligados por um único botão e devem ser colocados na ponta do dedo. Em alguns segundos, dois números são exibidos: saturação de oxigênio no sangue e frequência cardíaca.
Essa medição é possível graças à luz emitida pelo dispositivo que, literalmente, penetra o dedo do usuário. Com isso, é possível medir a quantidade de oxigênio transportada pelo sangue em tempo real. Para confirmar se a medida é precisa, o paciente pode contar seu pulso por um minuto e comparar o resultado com o número obtido pelo oxímetro. Se forem dados parecidos, quer dizer que a medição foi correta.
Os oxímetros de dedo são bastante precisos na detecção de problemas de oxigenação e batimentos cardíacos. De acordo com a Dra. Nicolle Queiroz, cardiologista do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e do Hospital São Luiz, esses aparelhos são realmente eficazes “se a pilha estiver funcionando e a curva [do aparelho] for sinusoidal [para caber o dedo]”.
A medição constante e o acompanhamento – seja caseiro ou não – podem fornecer um sistema de alerta precoce para os problemas respiratórios associados à Covid-19.
No entanto, ao mesmo tempo que traz benefícios, o sistema pode ser um fator decisivo na vida de algumas pessoas, pois há riscos presentes em sua utilização – mesmo que eles sejam mínimos em relação ao que beneficia.
Dentre eles, pode-se destacar a interpretação errônea das medições feitas pelo aparelho. Isso pode fazer com que as pessoas não procurem ajuda, mesmo em situações extremas. Também há a possibilidade de que os pacientes sem nenhuma relação com a Covid-19, como pessoas que têm problemas pulmonares crônicos e com saturação de oxigênio limítrofe ou levemente baixa, sejam alarmadas e procurem ajuda, mesmo sem necessidade.
Monitoramento
Todos os pacientes que tiveram teste positivo para o novo coronavírus devem ter monitoramento por um oxímetro durante duas semanas – período em que a doença se desenvolve.
Todas as pessoas com tosse, fadiga e febre – sintomas comuns da Covid-19 – também devem ser monitoradas, mesmo que não tenham realizado o teste ou, se já o fizeram, e o resultado foi negativo. Pesquisas estimam que os kits de detecção são 70% precisos, havendo essa margem para possíveis erros.
Obviamente, o oxímetro de dedo não deve ser usado como teste para o novo coronavírus, ele serve apenas como uma ferramenta para indicar que há a possibilidade de o paciente ter contraído a doença e está nos estágios iniciais – o período de incubação, quando o vírus ainda não se manifestou com sintomas perceptíveis.
De acordo com Paulo Puccinelli, médico do esporte do Care Club, “a oximetria de dedo é muito utilizada para pacientes que têm doenças pulmonares crônicas”, como exemplo, ele cita displasia, DPOC e enfisema. Ele ainda informa que a medição é usada, pois, esses pacientes, de maneira geral, têm problemas na saturação da hemoglobina. Por isso, segundo ele, é um parâmetro que se deve ter cuidado.
O médico continua e diz que os níveis de oxigênio de uma pessoa saudável variam de 98% a 100% na medição do aparelho. No entanto, ele destaca que, normalmente, “valores acima de 90% são considerados normais”. Quando esse número é abaixo de 90%, ele alerta de que pode haver complicações que necessitam de avaliação – isso porque podem indicar a presença de problemas respiratórios e circulatórios.
Ainda segundo Puccinelli, os dados coletados na medição com o oxímetro, juntamente com informações de temperatura corporal, podem ser usados para definir se o paciente tem algum problema que exige procurar auxílio médico. “A oximetria de dedo pode sim ser utilizada como uma ferramenta importante na época do coronavírus”, finaliza.