197 casos de síndrome associada à Covid-19 foram registrados no Brasil

Doença afeta principalmente crianças e adolescentes, e já pode ter causado a morte de pelo menos 14 pacientes com idades entre 0 e 19 anos
Rafael Rigues10/09/2020 13h35

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Segundo o Ministério da Saúde foram registrados no Brasil, até o final de agosto, 197 casos de uma nova doença potencialmente associada à Covid-19, chamada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, que afeta principalmente crianças e adolescentes.

140 pacientes tinham menos de 10 anos no momento em que adoeceram. Entre maio e agosto a doença pode ter causado a morte de pelo menos 14 pacientes com idades entre 0 e 19 anos, em oito estados: Pará (3); Rio de Janeiro (3); Ceará (2); Paraíba (2); Bahia (1); Pernambuco (1); Piauí (1); e São Paulo (1).

Segundo a coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, Janini Ginani, as mortes em questão estão “sob investigação”, já que várias outras síndromes, como a Síndrome de Kawasaki, podem se sobrepor, dificultando o diagnóstico. Esta, entretanto, é rara e acomete principalmente crianças entre 0 e 6 anos.

A síndrome é caracterizada por sintomas como febre, dores abdominais, diarreia, náuseas, vômitos, erupções cutâneas ou manchas na pele, conjuntivite, problemas de circulação sanguínea e alargamento dos vasos sanguíneos e aumento da atividade anti-inflamatória. Em alguns casos, o paciente pode desenvolver também sintomas respiratórios e disfunção cardíaca.

Em maio a síndrome já havia sido identificada nos EUA. No Cohen Children’s Medical Center, em Nova York, 25 crianças foram admitidas com estes sintomas em poucas semanas. Na mesma cidade, o NewYork-Presbyterian Morgan Stanley Children’s Hospital atendeu entre 10 e 20 pacientes com a condição, entre crianças e adolescentes.

Segundo os médicos norte-americanos, os casos da nova síndrome começaram a aparecer cerca de um mês depois do início do surto de Covid-19. Isto “sugere uma resposta imune pós-infecção”, diz o Dr. Leonard Krilov, diretor de pediatria do NYU Winthrop Hospital em Mineola, no estado de Nova York.

Ginani ressaltou que a maioria das crianças e adolescentes acometidos pela síndrome é do sexo masculino, possui entre 0 e 9 anos e não tinha doenças crônicas pré-existentes. “Os casos têm sido mais prevalentes na faixa etária até 10 anos de idade. Entre as crianças de 0 a 4 anos, 41 eram do sexo masculino e 34, do feminino. Já entre as de 5 a 9 anos, foram 39 e 26, respectivamente”, diz.

Segundo o diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, Antonio Rodrigues Braga Neto, é necessário “[garantir] que uma criança que chegue à atenção primária com febre há três dias e algum dos outros sintomas, como náusea, cefaleia ou conjuntivite, e que apresente alterações laboratoriais tendo a sepse sido excluída seja encaminhada para uma atenção especializada.”

Embora o número de casos da síndrome seja pequeno, é necessária atenção. Segundo um estudo do pediatra Arnaldo Prata, pesquisador do Instituto D’OR de Pesquisa e Ensino e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 87% das crianças internadas em UTIs testaram positivo para covid-19. Destas, 13% apresentaram um quadro clínico associado à síndrome.

“Ou seja, entre crianças de 0 a 19 anos, a doença inflamatória multissistêmica pode acometer de 10% e 15% das que adoecem e que precisam ser internadas devido a covid-19”, enfatizou Prata.

Fonte: Agência Brasil

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital