A SpaceX realizou na tarde desta quinta-feira (3) o esperado teste de voo em baixa altitude (um “salto”, no jargão da empresa) da Starship SN6. O protótipo da espaçonave, equipado com um único motor Raptor, decolou de uma plataforma nas instalações da empresa em Boca Chica, no Texas, subiu a 150 metros de altura e pousou verticalmente poucos segundos depois, próxima ao local da decolagem. O salto acontece à 1h43m no vídeo abaixo.

Segundo Musk a SpaceX deverá fazer uma série de outros “saltos”, como são chamados os voos curtos, para refinar o processo. A próxima tentativa pode ser com a SN5, o primeiro protótipo a voar, que recentemente foi movida do espaço de “pós processamento” nas instalações da SpaceX, onde foi analisada, novamente para a unidade de produção.

O primeiro protótipo a realizar um vôo em grande altitude deve ser o SN8, que atualmente está em produção. Ao contrário do SN5 e SN6, ele é um protótipo completo, com  um nariz aerodinâmico e superfícies de controle de voo.

Uma cidade em Marte

Musk tem como objetivo construir uma cidade em Marte com 1 milhão de habitantes até 2050. Para isso, a SpaceX teria de construir 100 Starships por ano, num total de mil naves ao longo de 10 anos, e fazer três lançamentos diários, cada um transportando mais de 100 toneladas, num total de 100 mil toneladas/ano. Isso seria feito a cada vez que a Terra e Marte ficarem mais próximos, o que acontece uma vez a cada 26 meses.

Para colocar isso em perspectiva, o executivo salienta que, se considerarmos todas as naves espaciais atualmente em operação, a capacidade total de carga útil é de apenas 500 toneladas por ano – com os foguetes da série Falcon representando cerca de metade disso.

O custo de cada lançamento da Starship pode ser de “apenas US$ 2 milhões” (R$ 10,6 milhões), considerando que tanto a espaçonave quanto o foguete usado para lançá-la serão totalmente reutilizáveis.

Musk não comenta o custo de cada “passagem” (só de ida) para futuros colonos do planeta vermelho, mas afirma que eles poderão pagar os custos da viagem “com trabalho” uma vez que chegarem lá. Segundo ele “não haverá falta de empregos” em todos os setores, de pizzarias à construção e manutenção de sistemas de suporte de vida.

A ideia não caiu bem entre os usuários do Twitter. Isso porque soa muito similar ao sistema de “Servidão por Contrato”, onde trabalhadores assinam um contrato se comprometendo a trabalhar para um empregador específico por tempo determinado em troca, por exemplo, da cobertura dos custos da viagem.

Embora popular no passado, como durante a colonização dos EUA por imigrantes europeus no século XVII, o sistema é banido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos como uma forma de escravidão.