Está quase tudo pronto para o lançamento do satélite Sentinel-6 Michael Freilich, que a 1,3 mil quilômetros de altura terá a tarefa de coletar medições do nível do mar com uma precisão de alguns centímetros para mais de 90% dos oceanos do mundo. O equipamento vai decolar no dia 10 de novembro a bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, da Base Aérea de Vandenberg na Califórnia.

Batizado em homenagem a Michael H. Freilich, ex-diretor da Divisão de Ciências da Terra da Nasa, o satélite é resultado da colaboração entre a agência norte-americana, Agência Espacial Europeia (ESA), Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), com contribuição da agência espacial francesa CNES.

ESA / Bill Simpson

O satélite Sentinel-6 Michael Freilich passa pelos preparativos finais em uma sala limpa na Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia, para o lançamento no início de novembro.
Imagem: ESA/Bill Simpson

O Sentinel-6 mapeará 95% do oceano sem gelo da Terra a cada 10 dias e fornecerá informações cruciais para a oceanografia operacional e estudos climáticos. Boa parte do trajeto do satélite é dentro da área de intensa radiação conhecida como Anomalia do Atlântico Sul. Por isso, engenheiros e pesquisadores submeteram o Sentinel-6 Michael Freilich a uma bateria de testes para garantir que a espaçonave sobreviverá ao lançamento e ao ambiente hostil do espaço.

Uma segunda espaçonave idêntica à Sentinel-6 Michael Freilich, a Sentinel-6B, será lançada em 2025 para continuar o trabalho após o término da missão principal de cinco anos e meio da unidade. A missão adicionará uma década dos dados de satélite mais precisos já feitos sobre a altura do oceano, documentando como nossos mares estão subindo em resposta à mudança climática. Ainda serão coletados dados sobre temperatura e umidade atmosféricas que ajudarão a melhorar as previsões do tempo, bem como os modelos atmosféricos e climáticos.

Canivete suíço

Para atingir o nível de precisão esperado pelos cientistas, Sentinel-6 Michael Freilich conta com um conjunto de três instrumentos. O primeiro é uma matriz retrorrefletora a laser, que mede a distância do solo. O segundo, o Global Navigation Satellite System – Precise Orbit Determination (GNSS-POD), rastreia sinais de navegação GPS e Galileo.

Por fim, o Doppler Orbitography and Radioposition Integrated by Satellite (DORIS) analisa sinais de rádio de 55 estações terrestres para determinar a posição 3D do satélite ao longo do tempo. “Quando usados ​​em conjunto, esses instrumentos fornecem os dados necessários para determinar a posição precisa do satélite, que por sua vez ajuda a determinar a altura da superfície do mar”, explica a Nasa em comunicado oficial.

O satélite ainda possui outros instrumentos de pesquisa, como o altímetro de radar Poseidon-4, que mede a altura do oceano refletindo os pulsos do radar na superfície da água e calculando o tempo que leva para o sinal retornar ao satélite. Como o vapor d’água na atmosfera pode afetar a propagação dos pulsos do radar do altímetro, o Sentinel-6 conta com um Radiômetro de Micro-ondas Avançado para o Clima que mede a quantidade de vapor d’água entre a espaçonave e o oceano.

E não é só isso. O Global Navigation Satellite System – Radio Occultation (GNSS-RO) reunirá dados de temperatura e umidade para futuras previsões meteorológicas. O método com que faz isso é interessante por si só: ele analisa os sinais de rádio de satélites de navegação conforme eles cruzam a borda azul da atmosfera do planeta. Na medida em que esses sinais viajam por diferentes camadas da atmosfera, eles se dobram e diminuem em vários graus – dependendo da temperatura e umidade em diferentes altitudes.

“O Sentinel-6 Michael Freilich é uma grande contribuição para o estudo das mudanças climáticas e monitoramento do meio ambiente. O satélite é um modelo de referência da cooperação entre os EUA e a Europa na observação da Terra e representa uma boa base para o futuro projetos “, afirma Josef Aschbacher, diretor de Programas de Observação da Terra da ESA.

Via: Nasa