Saiba quem são os astronautas da primeira missão tripulada da SpaceX

Além de veteranos de missões com o ônibus espacial, Bob Behnken e Doug Hurley são amigos há 20 anos. A Demo-2 vai decolar em 27 de maio rumo à ISS, mas a data de retorno não foi definida
Rafael Rigues20/05/2020 15h55

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Se tudo correr como programado, 27 de maio será um dia histórico. Nesta data decola rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) a Demo-2, primeira missão tripulada da SpaceX e da cápsula Crew Dragon, com os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley a bordo. Este também será o primeiro lançamento tripulado a partir de solo norte-americano desde 2011, quando o ônibus espacial Atlantis iniciou sua última missão.

Desde que o “shuttle” foi aposentado todos os astronautas em missões à ISS, não importa a nacionalidade, decolaram do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo de cápsulas Soyuz. E uma “carona” em um veículo russo não custa barato para a Nasa, tanto em termos financeiros quanto em orgulho nacional.

Mas segundo os astronautas, a principal diferença desta missão é a proximidade de amigos e parentes no lançamento. “Todo mundo fica perguntando ‘Quando vai ser? Vou ser convidado?’”, disse Hurley sobre as muitas mensagens que recebeu. “É divertido poder ter muito mais gente assistindo e curtindo um lançamento na Flórida do que no Cazaquistão”, afirma.

Infelizmente, a pandemia de Covid-19 atrapalhou os planos para uma grande celebração, e a Nasa recomenda que todos acompanhem o lançamento de casa. “Certamente o aspecto desta pandemia que mais nos desaponta é o fato que de não teremos o luxo de ter nossa família e amigos aqui no Kennedy Space Center. Mas obviamente é a coisa certa a fazer no ambiente atual”, diz Hurley.

A SpaceX escolheu uma tripulação experiente, já que ambos os astronautas são veteranos de missões com o ônibus espacial. Hurley participou da STS-127 com o Endeavour, em 2009, e da STS-135, último vôo do Atlantis, em 2011. Benhken também voou duas vezes, ambas no ônibus espacial Endeavour: na STS-123 em 2008 e na STS-130 em 2010.

Reprodução

Robert Behnken (à esquerda) e Doug Hurley, vestidos com os trajes espaciais da SpaceX. Fonte: SpaceX.

Mas a principal diferença entre uma missão da Nasa e uma missão privada, segundo os astronautas, é a agilidade nos preparativos. “Quando estávamos treinando para o shuttle, dizíamos ‘Ei, continuo errando esse procedimento. Não podemos mudar ele para que ninguém nunca mais erre?’. Isso era algo muito difícil, teríamos de falar com 100 pessoas para resolver”, disse Hurley. “Mas aqui, quando temos que mudar algo, eles podem reagir instantaneamente e implementar a mudança para a próxima missão ou simulação”, afirma.

Mais que uma equipe

Os astronautas são bons amigos desde que foram selecionados pela Nasa em 2000. Tanto que participaram do casamento um do outro, e ambos se casaram com astronautas da mesma turma. Essa proximidade facilita os preparativos: “trabalhamos juntos há tanto tempo que há uma parte do treinamento com a qual não temos que nos preocupar”, disse Behnken.

“Eu já sei quais vão ser as respostas do Doug em um monte de situações diferentes. Sei se ele está atrás ou à frente de mim em qualquer tarefa na qual estamos trabalhando, e ele sabe o mesmo sobre mim. Isso torna as coisas muito mais fáceis, são palavras extras que não preciso incluir na comunicação. Basta olhar para mim e ele sabe qual é o meu status”, afirma.

Doug e Bob sabem quando irão decolar, mas não sabem quando irão retornar para casa. A duração da Demo-2, originalmente prevista para uma ou duas semanas, está em aberto e será decidida quando os astronautas estiverem a bordo da ISS.

A Nasa reduziu o número de assentos que adquiriu em voos russos em preparação para os voos comerciais com a Crew Dragon. Mas quando imprevistos causaram atrasos no programa, isso significou que menos astronautas norte-americanos estavam indo à estação, reduzindo a presença dos EUA.

Atualmente há apenas um astronauta da Nasa, Chris Cassidy, a bordo. Recentemente, a Nasa fechou um acordo emergencial avaliado em R$ 500 milhões para conseguir um “assento extra” no voo que irá substituir a atual equipe da Expedição 63 a bordo, previsto para outubro deste ano. Caso contrário, pela primeira vez desde que a ISS foi inaugurada, não haveria um norte-americano a bordo.

Fonte: The Verge

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital