Quando falamos em busca por vida extraterrestre, muitos se concentram na busca por planetas similares à Terra. Algo natural, já que sabemos quando a vida surgiu por aqui, como evoluiu, como se comporta e quais “assinaturas” ela deixa em um planeta.

Entretanto, alguns cientistas acreditam que devemos procurar algo ainda melhor. Planetas “superhabitáveis”, um pouco maiores, mais quentes e mais úmidos que a Terra, orbitando o tipo certo de estrela e com uma Lua similar à nossa.

“Temos que nos focar em certos planetas que tem as condições mais promissoras para vida complexa. Entretanto, temos que ter cuidado em não ficar presos procurando por uma segunda Terra, porque podem haver planetas que sejam mais adequados à vida do que o nosso”, diz o astrobiólogo Dirk Schulze-Makuch, da Universidade de Washington, nos EUA.

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Schulze-Makuch e seus colegas elaboraram um estudo, recentemente publicado no jornal científico Astrobiology, para identificar planetas “superhabitáveis”, ou seja, aqueles que não só estão na zona habitável de uma estrela (a região do espaço onde a temperatura é suficiente para a existência de água em estado líquido), mas que também tem outros recursos que podem torná-los um bom lugar para o surgimento da vida.

Entre estes recursos estão uma estrela com o tamanho e idade corretos, especialmente se considerarmos que foram necessários 3,5 bilhões de anos para a vida surgir na Terra, e 4 bilhões até que organismos avançados como os humanos aparecessem.

Maior é melhor

Um planeta maior significa mais espaço para continentes e hábitats, e também uma gravidade maior. Isso resultaria em uma atmosfera mais densa, algo benéfico para organismos voadores. Um planeta um pouco mais quente que a Terra também seria mais habitável, visto que não haveria regiões polares áridas, mas teria que ser mais úmido, para que os continentes não fossem dominados por desertos.

Ou seja, um planeta superhabitável seria similar à Terra no início do período carbonífero, há 359 milhões de anos, quando muitos dos continentes tinham o clima de uma floresta tropical. Por fim, uma “Terra melhorada” teria uma Lua um pouco maior, ou mais próxima, que a nossa, o que ajudaria a estabilizar a rotação do planeta.

Os pesquisadores criaram parâmetros para definir estes critérios. De acordo com eles, o planeta prefeito estaria em órbita de uma estrela pequena do tipo K, que é ligeiramente mais fria que o nosso Sol, teria de 5 a 8 bilhões de anos, seria 10% maior e 5 °C mais quente que a Terra, em média. Seria também úmido, com uma atmosfera composta por 25% a 30% de oxigênio e massas de terra e água espalhadas.

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Estrelas tipo K são similares ao Sol, porém um pouco mais “frias”. Veronica By / Shutterstock

Este planeta também teria atividade tectônica ou um processo geológico similar capaz de reciclar minerais e nutrientes em sua crosta e criar hábitats e topografia variados. Por fim, teria uma Lua com 1% a 10% de seu tamanho, orbitando a uma distância moderada.

Possíveis candidatos

Nem estes parâmetros podem ser medidos remotamente, mas baseado no que conhecemos os cientistas analisaram o catálogo de objetos do telescópio espacial Kepler e encontraram 24 “objetos de interesse”, que podem ou não ser planetas.

Dois deles, Kepler 1126b e Kepler 69c já foram confirmados como planetas, enquanto alguns dos outros podem ser falsos positivos. Mas entre estes 24 objetos, nove orbitam o tipo certo de estrela, 16 tem a idade correta e 5 tem a temperatura correta. Entretanto, apenas um candidato, chamado KOI 5715.01, satisfaz estas três categorias. Mas a temperatura em sua superfície ainda é desconhecida, e depende da intensidade do “efeito estufa” causado por sua atmosfera.

Todos estes 24 planetas estão a mais de 100 anos-luz de distância, o que torna imprática sua exploração com nossa tecnologia atual. Mas segundo Schulze-Makuch, definir o que é “superhabitável” é importante, porque planetas mais próximos poderão um dia ser descobertos e, quem sabe, visitados por nós.

Fonte: Live Science