É comum, aqui na Terra, que rápidos lampejos avermelhados iluminem a atmosfera durante tempestades com descargas elétricas. Não estamos falando de raios ou relâmpagos, mas dos sprites, um tipo de evento luminoso transiente (TLE, na sigla em inglês) que dura poucos milissegundos e toma forma a aproximadamente 95 quilômetros de altitude.  

O fato é que nosso planeta não é o único do Sistema Solar a ter tempestades. Júpiter, nosso vizinho mais grandioso, tem muitas, intensas e duradouras. Era de se esperar, então, que o gigante gasoso também apresentasse sprites em sua atmosfera, mas esse fenômeno nunca havia sido observado por lá. 

Isso mudou esta semana. Na terça-feira (27), uma equipe de astrônomos descreveu a descoberta de 11 TLEs na atmosfera do planeta em um artigo publicado no Journal of Geophysical Research: Planets.

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Eles utilizavam o espectrógrafo ultravioleta (UVS) da sonda Juno, da Nasa, quando notaram flashes brilhantes de curta duração. O achado foi surpreendente, uma vez que a função original do grupo era acompanhar as auroras austrais e boreais registradas pelo instrumento. 

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Sprite em Júpiter (círculo) no espectro ultravioleta. Imagem: Nasa/JPL-Caltech/SwRI 

“Procuramos em todos os dados que coletamos ao longo de quatro anos de missão e encontramos um total de 11 flashes, todos com propriedades muito semelhantes”, afirmou a pesquisadora Rohini Giles, principal autora do estudo, em entrevista coletiva.

O que são sprites?

Esses “flashes” de luz são gerados por descargas elétricas intensas que partem do topo das nuvens e se estendem por mais de 90 km até o limite superior da mesosfera. Quando atingem determinada altitude, essas descargas originam um efeito luminoso que pode assumir diversos formatos – a depender da imaginação, podem parecer desde fadas a pés de cenoura. 

As descargas elétricas, por sua vez, acontecem quando os raios produzem um campo quase-eletrostático (QE) por meio da redistribuição de carga nas nuvens de tempestade.

Tudo acontece muito rápido: primeiro, um relâmpago remove carga da nuvem e gera o QE; poucos milissegundos depois, o sprite se forma e desaparece com a mesma velocidade na mesosfera. 

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Sprite capturado sobre os Estados Unidos. Imagem: Nasa

Algo interessante é que, na Terra, os sprites aparecem em tons avermelhados, devido à sua interação com o nitrogênio, como explica Giles. Em Júpiter, onde a atmosfera é composta principalmente por hidrogênio, eles são provavelmente azulados ou cor-de-rosa. 

Futuramente, a equipe pretende continuar procurando por mais sinais de TLEs na atmosfera do gigante gasoso. “Comparar sprites de Júpiter com os da Terra nos ajudará a entender melhor a atividade elétrica em atmosferas planetárias”, completa Giles. 

Via: Science Alert