Vulcões produzem até 50% da atmosfera de Io, uma das luas de Júpiter

Pela primeira vez, astrônomos observaram com nitidez a influência da atividade vulcânica na atmosfera do satélite; próximo passo é medir temperatura
Davi Medeiros26/10/2020 19h20, atualizada em 26/10/2020 19h39

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Io, uma das muitas luas de Júpiter, é o astro mais vulcanicamente ativo do nosso Sistema Solar, com mais de 400 vulcões em atividade. O satélite também possui uma atmosfera extremamente fina formada principalmente pelos gases dióxido de enxofre e monóxido de enxofre, que são responsáveis por sua aparência alaranjada.

No entanto, a correlação entre os aspectos citados era, até então, incerta. Qual o papel exercido pelos vulcões na dinâmica atmosférica de Io? Os gases presentes na atmosfera são provenientes da atividade vulcânica ou evaporam da superfície congelada quando estão sob a luz do Sol?

Foi a partir desses questionamentos que uma equipe de astrônomos da Universidade da Califórnia se dedicou a estudar o satélite.

Por meio do observatório Atacama Large Millimeter Array (Alma), eles puderam, pela primeira vez, observar com clareza o efeito dos vulcões em Io, e concluíram que a atividade vulcânica é responsável por 30% a 50% da composição atmosférica do astro.

O método utilizado pelos cientistas é bem intuitivo. Para descartar a influência do Sol sobre a formação dos gases, eles programaram o Alma para capturar imagens do satélite quando ele estava “escondido” pela sombra de Júpiter. Desse modo, foi possível considerar exclusivamente o papel dos vulcões, como explica a pesquisadora Statia Luszcz-Cook.

Os astrônomos observaram, então, as nuvens de dióxido de enxofre e monóxido de enxofre subindo nitidamente dos vulcões em direção à atmosfera.

“Durante esse tempo, pudemos notar apenas o dióxido de enxofre de origem vulcânica”, relata Luszcz-Cook. “Portanto, conseguimos ver exatamente quanto da atmosfera é impactada pela atividade vulcânica”.

Astrônomos querem medir temperatura de Io

De forma inesperada, a equipe encontrou ainda um terceiro gás surgindo dos vulcões: o cloreto de potássio. Curiosamente, ele era emitido somente nas regiões onde não foram encontrados os outros dois, o que, segundo a pesquisadora, “é uma forte evidência de que os reservatórios de magma são distintos em diferentes vulcões”.

Reprodução

Equipe de astrônomos utiliza o observatório Alma, localizado no Chile, para observar uma das luas de Júpiter. Imagem: Wikimedia Commons

Agora, a equipe se dedica a descobrir qual a temperatura registrada na atmosfera do satélite. Os cientistas planejam medi-la também por meio do Alma, mas explicam que, para isso, precisam obter imagens com níveis ainda maiores de resolução.

“Isso requer que observemos Io por um período mais longo de tempo”, diz Imke de Pater, líder do grupo. “Portanto, teremos de fazê-lo quando o satélite estiver sob a luz do Sol, já que ele não passa muito tempo na sombra”.

Pater explica também que a equipe terá de desenvolver um software que auxilie o Alma a fazer imagens mais focadas. De qualquer forma, este não é um desafio inédito para o grupo, já que eles já conduziram experimentos semelhantes para observar Júpiter.

Via: Phys.org

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital