Uma curiosa nuvem reapareceu na atmosfera de Marte, sobre o vulcão Arsia Mons. O fenômeno é recorrente, mas o que intriga os cientistas é que a pluma, composta por gelo d’água, não é ligada à atividade vulcânica. Em vez disso, a longa e estreita nuvem se forma com a ação do vento no lado mais inclinado do vulcão, que tem 20 km de altura.
As imagens feitas pela missão Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA), entre 17 e 19 de julho, mostram a nuvem com 1.800 km de comprimento. “Ela se forma todos os anos marcianos nesta época e se repete por 80 dias ou mais, após um rápido ciclo diário. No entanto, ainda não sabemos se as nuvens são sempre tão impressionantes”, explica o astrônomo Jorge Hernandez-Bernal, da Universidade do País Basco (Espanha), que vem estudando o fenômeno.
Estamos na época do solstício do sul em Marte, o período do ano em que o Sol está na posição mais ao sul nos céus marcianos (assim como no dia 21 de dezembro na Terra). No início da manhã, durante esse período, a nuvem cresce por aproximadamente três horas, desaparecendo apenas algumas horas depois.
Planalto de Tharsis, com o vulcão Arsia Mons ao centro. Imagem: Nasa/JPL/USGS
Um dia marciano tem 24 horas, 39 minutos e 35 segundos de duração, enquanto um ano no Planeta Vermelho possui 668 dias – ou seja, as estações duram o dobro do tempo. Nos meses que antecederam o solstício, a maioria das atividades nas nuvens desaparece em grandes vulcões como Arsia Mons, cujo cume é coberto de nuvens durante o resto do ano marciano.
A nuvem de gelo foi registrada pelo Mars Express e outras missões em 2009, 2012, 2015 e 2018. Dependendo do tamanho, ela pode ser visível até para telescópios na Terra. A formação de nuvens de gelo na água depende da quantidade de poeira presente na atmosfera.
Localizada ao sul do equador de Marte, o Arsia Mons faz parte um trio de vulcões conhecidos como Tharsis Montes. Uma pesquisa da Nasa sugere que a última atividade vulcânica na região cessou cerca de 50 milhões de anos atrás – na época da extinção do Cretáceo-Paleógeno na Terra.
“Estimamos que o pico de atividade no cume do Arsia Mons provavelmente ocorreu aproximadamente 150 milhões de anos atrás – o período jurássico tardio na Terra – e depois desapareceu na mesma época que os dinossauros”, explica Jacob Richardson, do Goddard Space Flight Center.
Via: ESA