Impacto que causou a extinção dos dinossauros ocorreu no pior ângulo

Analisando simulações, pesquisadores afirmam que o ângulo inclinado do choque do asteroide com a Terra há 66 milhões de anos causou mais dano do que se tivesse atingido o planeta em cheio
Renato Mota27/05/2020 17h03, atualizada em 27/05/2020 17h05

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Os dinossauros deram um azar tremendo. Não bastasse que um asteroide com o dobro do tamanho de Paris atingisse a Terra há 66 milhões de anos – acabando com seu reinado de mais de 180 milhões de anos – essa pedra imensa ainda colidiu com o planeta no pior ângulo possível. Não à toa, o choque e suas consequências extinguiram 75% das espécies da época.

De acordo com um estudo publicado na Nature Communications, a rocha espacial gigante atingiu o planeta num ângulo de 60 graus – potencialmente mais destrutivo do que se tivesse acertado a Terra em cheio (90 graus, numa linha reta em direção ao solo). O impacto cataclísmico levou detritos e gases suficientes para a atmosfera para mudar radicalmente o clima, condenando as espécies da Era Mesozoica, os dinossauros em especial, à extinção.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão analisando a estrutura da cratera criada pelo impacto do asteroide, chamada Chicxulub, com 200 quilômetros de largura e localizada no sul do México. Os cientistas realizaram uma série de simulações com quatro possíveis ângulos de impacto (90, 60, 45 e 30 graus) e duas velocidades de impacto (12 e 20 quilômetros por segundo).

“Sessenta graus é um ângulo de impacto mais letal porque ejeta uma quantidade maior de material, com rapidez suficiente para envolver todo o planeta”, explica o principal autor do estudo, o professor de ciência planetária Gareth Collins, do Imperial College de Londres. Se o asteroide tivesse atingido a cabeça em um ângulo mais oblíquo, não seriam jogados tantos detritos na atmosfera.

Desenvolvimento da cratera Chicxulub para um impacto de 60°. Imagem: Nature Communications

O impacto fez com que grandes quantidades de enxofre na forma de pequenas partículas permanecessem suspensas no ar, bloqueando o Sol e esfriando o clima do planeta em vários graus Celsius. Os pesquisadores acreditam também que o golpe provocou um terremoto cujas ondas sísmicas atingiram Tanis – a 3.000 km de distância, nos Estadios Unidos, onde foram descobertas evidências definitivas do impacto devastador do asteroide – em apenas 13 minutos.

As descobertas podem levar a uma maior compreensão sobre como as crateras são formadas em geral. “O impacto de Chicxulub foi um dia muito ruim para os dinossauros”, avalia Collins, “o que torna ainda mais notável que a vida sobreviveu e se recuperou tão rapidamente”, completa.

Via: ScienceAlert/AFP

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital