Sarah al-Amiri: a mulher que lidera a missão a Marte dos Emirados Árabes

Interesse da cientista pelo espaço surgiu aos 12 anos após ver uma imagem da galáxia de Andrômeda
Luiz Nogueira21/07/2020 12h37, atualizada em 21/07/2020 12h55

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Sarah al-Amiri, atual Ministra das Ciências Avançadas no Gabinete dos Emirados Árabes, nunca imaginou que uma imagem da galáxia de Andrômeda vista aos 12 anos mudaria sua vida para sempre. Foi a partir deste evento que seu sonho teve início. Na época, al-Amiri jamais imaginou que sua recém-descoberta paixão poderia levar o país para além da estratosfera da Terra.

O ano de 2017 ficou marcado com a nomeação do primeiro Ministro de Inteligência Artificial do mundo por parte dos Emirados Árabes. O principal objetivo do escolhido era o de conduzir os esforços do Estado do Golfo em várias tecnologias que poderiam ajudar a expandir o que já se conhecia sobre ciência e tecnologia.

No mesmo ano, Sarah, que era uma jovem engenheira, também foi convocada, mas com a tarefa de liderar as missões rumo ao espaço planejadas pelo país. A convocação ocorreu em um momento em que os Emirados Árabes não se preocupavam com o que é comumente chamado de fronteira final o universo.

“Numa perspectiva global, somos um novo país que chega atrasado na competição. É natural que as pessoas pensem que isso é loucura”, disse al-Amiri em entrevista à revista Nature ao falar sobre uma missão projetada pelos Emirados Árabes Unidos e que foi enviada na segunda-feira (20) com destino a Marte.

Carreira

No início dos estudos, Sarah optou por cursar engenharia da computação. No entanto, mais tarde, decidiu seguir no estudo de tecnologia espacial. A instituição escolhida para isso foi a de Ciências e Tecnologia Avançada dos Emirados. Lá, foi integrante da equipe que criou os primeiros satélites dos Emirados Árabes.

Ao comentar o feito, ela se emociona, lembrando que esse era um sonho de infância: “Quando jovem, aos 12 anos, vi uma imagem da galáxia de Andrômeda, a mais próxima de nossa Via Láctea”, disse durante entrevista no TEDx Talk, em Dubai. Ela diz que, a partir disso, começou a estudar tudo o que podia sobre a imensidão do espaço.

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Galáxia de Andrômeda. Foto: Marcelo Zurita

O primeiro cargo ao qual ela foi indicada na área foi em 2016, quando al-Amiri se tornou chefe do Conselho de Ciência dos Emirados. Como já citado, no ano seguinte, ela foi nomeada para liderar a equipe por trás das missões espaciais.

Atualmente, ela é vice-diretora de projetos e líder científica da missão com destino a Marte, apelidada de Amal – que, em tradução livre, significa “esperança”. “A missão se chama ‘esperança’ porque estamos contribuindo para a compreensão global de um planeta. Estamos indo além da turbulência que agora define nossa região e passando a contribuir de forma positiva para a ciência”, conta.

‘Em benefício da compreensão humana’

As normas sociais dos Emirados Árabes Unidos também foram mudadas com a expansão do programa espacial. De acordo com levantamento feito pela revista Nature, 34% dos envolvidos diretamente na missão e 80% da equipe científica controlada por al-Amiri é composta por mulheres.

Em declaração, ela ainda disse que espera que esse número aumente, ampliando o envolvimento dos jovens nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática. “A ciência, para mim, é a forma mais internacional de colaboração. É ilimitada, sem fronteiras e administrada pelas paixões dos indivíduos em benefício da compreensão humana”, finaliza.

Missão a Marte

Todo o trabalho de al-Amiri foi colocado à prova com o lançamento da missão a Marte dos Emirados Árabes Unidos. O lançamento é o primeiro feito pela nação e quer fazer um estudo completo da atmosfera marciana, a partir da análise de mudanças diárias e sazonais.

A sonda Hope foi lançada com sucesso na segunda-feira (20), às 18h58 no horário de Brasília, do Centro Espacial Tanegashima, no Japão. O equipamento vai levar sete meses para chegar ao planeta vermelho. Lá, entrará em órbita e enviará dados sobre a atmosfera. O país pretende estabelecer uma colônia em Marte em 2117.

A missão custou 200 milhões de dólares. O desenvolvimento e a construção da sonda foram feitos em parceria com instituições americanas. O centro espacial de Dubai será a base que vai operar a espaçonave durante a viagem.

Via: Terra

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital