Nova técnica ajuda astrônomos a estudar exoplanetas ‘bebês’

Analisando a luz emitida por uma estrela quando um planeta jovem passa por ela, e comparando com áreas 'frias' da sua superfície, pesquisadores podem extrair mais dados de exoplanetas em formação
Renato Mota10/03/2020 19h24

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O DS Tuc Ab é um exoplaneta bem jovem, de apenas 43 milhões de anos, que orbita um sistema binário na constelação de Tucano. Mas graças a ele, pesquisadores estão desenvolvendo uma nova maneira de estudar não só a “infância” dos planetas como os estágios iniciais de evolução dos sistemas planetários inteiros.

A pesquisa está sendo desenvolvida por uma equipe do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, em parceria com astrônomos do Observatório Carnegie. O trabalho deles será publicado no Astrophysical Journal Letters e será a primeira vez que a inclinação orbital de um planeta com menos de 45 milhões de anos (cerca de um centésimo da idade do Sistema Solar) foi medida.

“Muitas coisas podem acontecer entre quando um planeta é formado e quando o vemos”, afirma George Zhou, principal autor do estudo. “A grande maioria dos planetas que encontramos já está madura e não sabemos como eles eram quando eram jovens”, completa. O DS Tuc Ab é um “Netuno quente”, que orbita sua estrela um curto período de oito dias.

Um diferencial do DS Tuc Ab em relação a outros exoplanetas é que o disco rotativo de gás e poeira do qual se formou em torno de sua estrela se dissipou, mas ainda é possível estudá-lo antes que outras estrelas distantes manipulem sua órbita – especialmente a outra estrela do sistema binário.

Desafios

Nas suas primeiras observações, os pesquisadores queriam determinar se o planeta “recém-formado” havia experimentado alguma interação em seu passado. Astrônomos costumam encontrar planetas em torno de outras estrelas em órbitas muito diferentes dos que vemos em nosso próprio Sistema Solar. Alguns foram encontrados em órbitas polares e até retrógradas, devido a fatores externos.

Para responder a essa pergunta, os pesquisadores precisavam observar o DS Tuc Ab enquanto ele passava na frente de sua estrela hospedeira para medir o efeito que o planeta tinha na luz. A tarefa, porém, mostrou-se difícil devido à grande quantidade de manchas solares na estrela, obrigando os cientistas a desenvolveram uma nova técnica para rastrear o jovem planeta em sua órbita. O resultado foi obtido modelando-se simultaneamente como o planeta bloqueou a luz na superfície estelar e como os pontos frios da estrela mudaram a luz que estava sendo emitida.

“No futuro, esse sistema permitirá que os astrônomos desenvolvam uma melhor compreensão dos planetas na infância”, avalia a astrônoma Johanna Teske, do Observatório Carnegie. “Estamos especialmente interessados ​​em quão ‘Netunos quentes’ se movem ou se formam tão perto de suas estrelas anfitriãs”, completa.

Via: Phys.org

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital