Vazamentos de gás metano, atividade alienígena, efeitos atmosféricos. São várias as teorias populares que tentam explicar a presença de anéis de gelo no lago Baikal, no sul da Sibéria.

Porém, uma nova pesquisa realizada por uma equipe de pesquisadores da França, Rússia e Mongólia parece ter finalmente chegado a uma explicação plausível para a ocorrência desse fenômeno: o movimento circular da água quente sob o gelo.

Os anéis de gelos foram detectados pela primeira vez no início do anos 2000 por meio de imagens do satélite MODIS. As partes internas dos círculos são brancas e brilhantes. As bordas, por outro lado, reservam um aspecto mais escuro, de tom azulado.

Segundo as pesquisa, em média, esses anéis apresentam de 5 até 7 km de diâmetro, enquanto as marcas escuras podem chegar a cerca de 1 km de largura. As aparições dessas marcas são imprevisíveis e costumam ocorrer por alguns dias ou meses durante o inverno siberiano.

Para estudar o fenômeno, os pesquisadores analisaram imagens de satélite de infravermelho térmico e também instalaram sensores nas localidades dos anéis de gelo, esses dispositivos foram capazes de medir a temperatura da água até a profundidade de 200 metros.

Em fevereiro de 2016, os cientistas detectaram um redemoinho a uma profundidade de 45 metros sob o anel de gelo. Com o auxílio dos sensores, a equipe constatou que a água no redemoinho apresentava uma temporada de 1 a 2 graus Celsius superior que a água ao redor. De acordo com o estudo, foram cerca de 3 dias até o redemoinho fazer uma rotação completa.

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Um ano depois, a equipe localizou outro redemoinho, que migrou 6 quilômetros da posição original. Não foi detectado nenhum anel de gelo acima do redemoinho. O estudo indica que não houve tempo suficiente para a ocorrência do fenômeno.

Em 2019, no entanto, os cientistas identificaram um anel de gelo que se moveu 9 quilômetros da posição inicial. Com isso, os pesquisadores concluíram que esses redemoinhos quentes são a principal causa dos anéis de gelo.

“Os resultados de nossas pesquisas de campo mostram que, antes e durante a manifestação do anel de gelo, há redemoinhos quentes que circulam no sentido horário sob a cobertura de gelo”, disse Alexei Kouraev, membro da equipe e hidrologista da Universidade de Toulouse, em uma publicação do Observatório da Terra da Nasa.

“No centro do redemoinho, o gelo não derrete – mesmo que a água esteja quente – porque as correntes são fracas. Mas no limite do redemoinho, as correntes são mais fortes e a água mais quente leva ao derretimento rápido”, completa.

No caso de lago Baikal, na Sibéria, os cientistas defendem que os redemoinhos são resultado da ação do vento da Baía Barguzin sobre a água do lago. Eles acreditam que processos semelhantes acontecem em outros locais, onde anéis de gelo já foram identificados.

Apesar da nova descoberta, muitos estudos ainda são necessários para desvendar mais mistérios sobre os anéis de gelo.

 

Fonte: GizModo