A poluição luminosa, ocasionada pela luz excessiva produzida pelos humanos, nos tirou a possibilidade de ver alguns dos mais incríveis eventos astronômicos – a não ser que estejamos bem afastados de grandes cidades. Um deles é a luz zodiacal – uma faixa que ilumina o céu noturno que pode ser vista logo depois do anoitecer, ou pouco antes do amanhecer, no plano das constelações do zodíaco.
O melhor momento para ver a luz zodiacal é quando o plano da eclíptica (a projeção sobre a esfera celeste da trajetória aparente do Sol) está quase perpendicular ao horizonte. No hemisfério sul, onde estamos, isso ocorre até por uma hora antes do amanhecer, no céu oriental, entre o final de março e o início de maio, e até uma hora após o pôr do Sol entre agosto e setembro.
A luz zodiacal se apresenta com uma forma indefinida, como um cone inclinado. Na sua base, a luz pode se estender de 20 a 30 graus ao longo do horizonte. O Brasil está numa boa posição para essa observação, já que nos trópicos ou próximo à linha do Equador a eclíptica é mais vertical (graças à inclinação da Terra), permitindo que o fenômeno seja visto nas duas épocas do ano se o céu estiver bem limpo – inclusive da poluição luminosa. Noites sem Lua são ainda melhores.
O brilho é causado pela incidência da luz em milhões de minúsculas partículas no plano do sistema solar. Elas eram parte do disco protoplanetário – a nuvem rotativa de gás e poeira que orbitava ao redor do Sol no início da formação do nosso sistema. Essa nuvem formou planetas e asteroides, mas parte da poeira original foi deixada para trás.
Na tradição islâmica, o profeta Maomé descreve a luz zodiacal quando faz em referência ao tempo das cinco orações diárias. Ele alerta os fiéis sobre a “madrugada falsa”, em oposição ao “verdadeiro amanhecer”. Maomé queria evitar erros na determinação do tempo das orações diárias.