Tem sido um período movimentado para a observação de cometas, porém, um tanto decepcionante, como os cometas Atlas – que se desintegrou recentemente – e o Swan, que apesar de passarem pelo Sistema Solar há pouco tempo, não representaram grandes fenômenos. Mas essa história pode mudar em breve; astrônomos estão focados em um cometa gigante que está a caminho da Terra – e deve se aproximar do Sol em meados de dezembro de 2022.

Conhecido como C/2017 K2, o cometa foi descoberto em 2017 e fotografado pelo Telescópio Espacial Hubble. Na época, ele virou manchete. Isso porque era o mais distante do Sol que um cometa já havia sido visto exibindo sua cauda.

Assim como o cometa Swan, acredita-se que o K2 é oriundo de Oort, uma nuvem de objetos a quase um ano-luz distante do nosso Sistema Solar. O astrônomo Con Stoitsis observou o cometa nos dias 23 e 24 de maio e o descreveu como “um gigante muito ativo e brilhante”, apesar de ainda estar a quase 1,5 bilhão de quilômetros do Sol.

Mesmo que ele esteja se aproximando, não devemos nos preocupar. De acordo com Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia e membro da Sociedade Astronômica Brasileira, não há “nenhuma chance desse cometa atingir o Sol ou a Terra. Em sua maior aproximação com o Sol, ele estará a 1,8 UA de distância da estrela, ou seja, estará mais distante do Sol que a Terra”.

Ainda segundo ele, o “único risco que corremos é de poder observar um belo espetáculo no céu. O cometa deve ser visível durante o segundo semestre de 2022”. 

Algumas comparações já foram feitas entre esse e o gigante Hale-Bopp, também conhecido como C/1995 O1, que é considerado um dos cometas mais brilhantes e mais observados dos tempos modernos. No entanto, ainda é muito cedo para saber se o K2 é realmente de tamanho semelhante ou se brilhará tanto quanto o Hale-Bopp.

Independentemente disso, os cientistas estudarão a “bola de neve” espacial com crescente interesse e, nos próximos meses, devemos ter uma imagem mais completa do visitante do Sistema Solar.

Características que chamam atenção

Quando foi descoberto, o K2 chamou a atenção por apresentar atividade diferente do que normalmente classifica um cometa. Normalmente, um cometa começa a evaporar a água gelada presente em seu corpo quando “ultrapassa a órbita de Júpiter”, ou seja, entre 750 e 900 milhões de quilômetros do Sol. A partir desse momento, a cauda é formada. Entretanto, com o K2 não é assim. 

O cometa possui cauda mesmo a 1,5 bilhão de quilômetros do Sol. Segundo Zurita, “estudos apontam que isso só ocorre devido à composição de sua superfície, predominantemente de gases muito voláteis congelados. Gases como oxigênio, nitrogênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono sublimam (passam do estado sólido para o gasoso) a temperaturas muito baixas como as observadas nos confins do sistema solar”.

“Além disso, algumas medições indicam que esse cometa tem diâmetro em torno de 18 quilômetros, o que significa que ele tem uma massa muito grande para formar uma grande coma e uma enorme cauda quando se aproximar mais do Sol”, finaliza Zurita.  

Via: Cnet