Cientistas estavam enganados sobre estrela ‘amigável’ próxima à Terra

Descobertas anteriores indicavam que sistema planetário a 11 anos-luz da Terra poderia ser adequado para o surgimento de vida; estrela, na verdade, tem erupções indetectáveis no espectro visível
Davi Medeiros15/09/2020 19h28, atualizada em 15/09/2020 19h58

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Na primeira metade do ano, astrônomos encontraram dois exoplanetas próximos à zona habitável da estrela anã vermelha GJ 887, a 11 anos-luz de distância da Terra.

A descoberta era particularmente empolgante porque os cientistas acreditavam que esta estrela era calma e estável – isto é, pouco propensa a explosões radioativas -, o que tornava os planetas supostamente propícios ao aparecimento de vida. Infelizmente, eles estavam equivocados.

Um novo estudo da Universidade Estadual do Arizona (ASU) revelou que a GJ 887 é, na verdade, tão instável quanto qualquer outra anã vermelha. Utilizando o telescópio espacial Hubble, os pesquisadores observaram que a estrela queima de hora em hora, contestando a descoberta anterior.

O segredo, como elucida o site Live Science, era procurar pelas explosões no espectro ultravioleta, missão para a qual o Hubble é mais apropriado que outros telescópios espaciais. Anteriormente, a estrela era estudada por meio do Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da Nasa, que não mostrou chamas detectáveis ao longo de 27 dias de observação contínua.

Reprodução

Planetas próximos a GJ 887 são “bombardeados” de hora em hora por explosões radioativas. Imagem: Dotted Yeti/Shutterstock

Erupções invisíveis

Os pesquisadores explicam que, embora pareçam estáveis no espectro visível, algumas estrelas podem emitir chamas que são detectáveis apenas em outros comprimentos de onda, como a GJ 887.

“É fascinante notar que a observação de estrelas em luz óptica normal não chega nem perto de contar a história toda”, afirma Evgenya Shkolnik, líder da Escola de Exploração da Terra e Espaço (Sese) da ASU. “A radiação prejudicial desses astros só pode ser compreendida por meio das observações ultravioleta”.

Nesse comprimento de onda, os fótons têm efeitos diferentes sobre a matéria. Para a atmosfera desses planetas, isso significa ser destruída por um bombardeio de partículas em movimento a cada erupção da estrela.

Entretanto, estudos recentes indicam que nem tudo está perdido. Os cientistas supõem que a presença de uma atmosfera suficientemente densa e de uma cobertura de nuvens poderia, no fim das contas, ocasionar uma brecha para o surgimento de vida nos planetas.

Com o objetivo de compreender melhor as emissões ultravioleta das anãs vermelhas e seu impacto, Shkolnik e sua equipe estão desenvolvendo um satélite miniaturizado que facilitará a observação da radiação nesse comprimento de onda.

Isso permitirá que eles determinem a frequência e intensidade das erupções de estrelas como a GJ 887, fornecendo informações mais completas sobre as possibilidades de haver vida nos exoplanetas próximos.

Via: Live Science

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital