Cientistas encontram a sósia da Via-Láctea mais distante de nós

Galáxia SPT0418-47 está a 12 bilhões de anos-luz daqui, e se formou quando o universo tinha apenas 10% de sua idade atual
Rafael Rigues12/08/2020 18h15

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Cientistas do Observatório Europeu do Sul (ESO) identificaram, usando o telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter Array) no Chile, a “sósia” mais distante da Via-Láctea, localizada a mais de 12 bilhões de anos-luz de nós.

Chamada SPT0418-47, ela se formou quando o universo tinha apenas 1,4 bilhões de anos. Sua aparente organização surpreendeu os cientistas, contrariando teorias de que galáxias que se formaram no início do universo eram turbulentas e instáveis.

Embora não tenha braços espirais como a Via-Láctea, a galáxia tem duas características em comum com nosso lar: um disco em rotação e um “caroço” central, com um grande grupo de estrelas densamente agrupadas. É a primeira vez que este agrupamento é observado tão cedo na origem do universo.

“Este resultado representa uma conquista no campo da formação galáctica, mostrando que as estruturas que observamos em galáxias espirais próximas e em nossa via láctea já existiam 12 bilhões de anos atrás”, diz Francesca Rizzo, estudante de Ph.D. no Instituto Max Planck de Astrofísica na Alemanha, que liderou o estudo publicado na revista Nature.

“Apesar da alta taxa de formação de estrelas, sendo por isso o local de processos altamente energéticos, a SPT0418-47 é a galáxia em forma de disco mais ordenada já observada no início do universo”, diz Simona Vegetti, co-autora do estudo e também do Instituto Max Planck de Astrofísica. “Este resultado é bastante inesperado e tem implicações importantes para nossa compreensão de como as galáxias evoluem”, disse.

Mas apesar da similaridade com a Via-Láctea, os astrônomos acreditam que ela terá um destino diferente e evoluirá para uma galáxia elíptica, ou outro tipo que, junto com as espirais, habita o universo ainda hoje.

O estudo de galáxias distantes como a SPT0418-47 é fundamental para nossa compreensão de como as galáxias no geral se formam e evoluem. Ela está tão distante que a vemos como quando o universo tinha apenas 10% de sua idade atual, porque sua luz levou 12 bilhões de anos para chegar até nós. Ao estudá-la, podemos voltar no tempo, para um período quando as galáxias mais antigas estavam apenas começando a se formar.

Fonte: Phys.org

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital